Mestre Conga
Foto: Maurício Costa e Gi Oliveira

BH 125 anos: Samba embala a programação do aniversário no Circuito Municipal de Cultura

Atrações, celebram  o Dia Nacional do Samba, dia 4/12 (domingo), no Viaduto Santa Tereza, homenageando Mestre Conga, e no dia 11/12 (domingo), no Teatro Francisco Nunes, saudando a ilustre Clara Nunes.

Neste mês de dezembro, Belo Horizonte completa 125 anos. Para celebrar o aniversário da capital mineira, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) realiza uma variada agenda de atividades, que inclui duas ações do Circuito Municipal de Cultura. Ambas são dedicadas ao gênero musical mais popular do país, já que em 2 de dezembro é comemorado o Dia Nacional do Samba. A primeira é uma homenagem ao veterano sambista mineiro Mestre Conga, no dia 4/12 (domingo), em uma grande festa debaixo do Viaduto Santa Tereza, com a atração nacional Festa da Raça (RJ) e grandes sambistas mineiras, como Adriana Araújo e Manu Dias. Já a segunda é uma edição especial do “Música de Domingo”, no dia 11/12 (domingo), no Teatro Francisco Nunes, que celebra o legado da ilustre cantora mineira Clara Nunes - que completaria 80 anos em 2022. O evento terá a apresentação do Bloco Filhas de Clara (BH), com participação especial de Glória Bonfim (BA).

Para a secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, homenagear grandes figuras do samba mineiro é uma forma potente de reverenciar a produção artística do gênero em BH e, ao mesmo tempo, celebrar o aniversário da cidade. “Esse evento traz importantes marcos para a história de Belo Horizonte, especialmente em relação à tradição do samba na cidade e que é reconhecido pelo poder público nesta homenagem ao  Mestre Conga, comshows de sambistas da nova e velha guarda da cidade. Nessa grande festa, nós saudamos também a potente ocupação cultural que acontece desde os anos 2000 no território da Zona Cultural da Praça da Estação, importante espaço de participação e manifestações diversas do coletivo da nossa cidade”, comemora.

A presidente da Fundação Municipal de Cultura, Luciana Feres, ressalta a presença do samba na cidade e lembra que já existe um processo aberto para reconhecimento da expressão cultural como Patrimônio Imaterial. “Em breve o samba se tornará patrimônio cultural da cidade. Esse evento é um momento de celebração, que culmina em uma série de iniciativas da Prefeitura para a promoção e salvaguarda dessa importante expressão cultural e seus atores sociais. Mestre Conga foi premiado no primeiro edital dos Mestres da Cultura Popular, evento realizado pela Prefeitura em 2014. Assim como ele, outros sambistas também foram contemplados ao longo dos anos”, lembra a presidente.

Programação | Dia Nacional do Samba - Homenagem a Mestre Conga

Sambista da velha guarda de BH, hoje aos 95 anos, Mestre Conga é considerado uma das figuras mais importantes do gênero musical na cidade. Cantor e compositor, natural de Ponte Nova (MG), foi o introdutor do Samba-enredo nas Escolas de Samba de BH e é um artista preocupado com a memória e valorização do samba mineiro. Realizada em parceria com o Festival de Arte Negra de Belo Horizonte - FAN BH, a Homenagem ao Mestre Conga conta com diversas apresentações que acontecem no dia 4/12 (domingo), entre 13h e 21h, debaixo do Viaduto Santa Tereza, na Zona Cultural Praça da Estação. A programação é gratuita, sem necessidade de ingressos, e terá interpretação em libras em todas as apresentações. 

Quem abre os trabalhos, das 13h às 14h, é a veterana DJ Black Josie, um dos grandes nomes das pistas belo-horizontinas. Nome artístico da musicista e produtora musical Luciana Gomes, Black Josie dedica-se à pesquisa da soul music e sua reverberação no Brasil. Às 14h, é a vez de Adriana Araújo - considerada uma das grandes sambistas brasileiras da nova geração -, soltar a voz. Nascida na comunidade da Pedreira Prado Lopes, na região da Lagoinha, berço do samba de BH, Adriana tem um disco gravado, “Minha Verdade” (2021), e já dividiu palcos com nomes como Leci Brandão, Fabiana Cozza e Jorge Aragão. Nesse show, a cantora traz músicas autorais que emanam romantismo, empoderamento, representatividade e a ancestralidade. Além disso, Adriana interpreta sambas consagrados, principalmente, de sambistas mulheres.


Entre 15h e 15h30, Black Josie volta a agitar a pista, enquanto a Velha Guarda do Samba se prepara para homenagear um de seus grandes nomes.  O show acontece das 15h30 às 17h30, e é realizado por músicos e intérpretes que tiveram relação com Mestre Conga e por dois casais de dançarinos (um casal representante da nova geração de passistas e outro casal de veteranos representando a velha guarda dos passistas). A homenagem, que será apresentada no palco por Donelisa, sambista da velha guarda de BH, também contará com representantes de gerações mais novas e com a presença ilustre do próprio homenageado. Além de Donelisa, o show terá a presença de intérpretes como Bira Favela, Lucinha Bosco, Ronaldo Coisa Nossa, Sô Marcelo, Nonato do Samba, Zé do Monte e Eliete Ná. Entre os músicos da banda estarão presentes Fernando Bento, Anderson Augusto, Rogério Sam e Carlitos Brasil. A direção musical é do sambista Andinho Santo.

Às 18h tem a apresentação da Festa da Raça (RJ), grupo formado por amigos cariocas do samba mineiro, como Luciano Bom Cabelo, Makley Matos, Mingo Silva, Nego Álvaro, Pipa Vieira, Alison Martins, Marcelinho Correia, Tiago Misamply e João Martins. No palco, a turma recebe Manu Dias, cantora e compositora marcante do samba mineiro. Nascida em Ouro Preto, dona de uma voz aveludada e singular, Manu já soma mais de 20 anos de carreira e tem um disco autoral na bagagem, “Sambadear” (2019). Quem também participa da apresentação da Festa da Raça, que acaba às 21h, é o Coletivo Donas de Si, formado por mulheres sambistas que fomentam a cena musical e cultural de BH e propõem um repertório que mistura clássicos do samba e novas músicas autorais.

Homenagem a Clara Nunes

Terra de grandes intérpretes, Minas Gerais nos presenteou com uma das mais importantes e expressivas artistas de todos os tempos: a cantora Clara Nunes, que faria 80 anos em 2022. Sambista nata, Clara sempre se fez presente no Carnaval, seja em shows ou desfilando em sua amada escola de samba, a Portela. Foi pensando nisso que o Circuito Municipal de Cultura escolheu justamente um bloco carnavalesco para homenageá-la, numa edição especial do “Música de Domingo”, no dia 11/12, às 11h, no Teatro Francisco Nunes. O bloco em questão é o Filhos de Clara, que tem arrastado multidões de fãs da “guerreira”, desde 2019, no  Carnaval de rua da capital mineira. 

Nos vocais, três gerações de grandes artistas: Aline Calixto, Júlia Tizumba e Tia Elza. Na banda, grandes musicistas da cidade, como Analu Braga, Nanda Bento, Alcione Oliveira, Alessandra Sales, Maria Elisa, Marcela Nunes e Solange Caetano. A apresentação do Bloco Filhos de Clara terá participação especial de Glória Bomfim, cantora e ialorixá baiana. Sua música é ligada à espiritualidade afro-brasileira, com a grande maioria das letras das canções de seus discos fazendo referência aos orixás, entre sambas de capoeira, sambas de roda e cantigas de santo. Glória Bonfim gravou em seus discos diversas canções inéditas do compositor Paulo César Pinheiro, que ajudou a lançá-la como cantora.