Makota Cássia, e o neto, Luan, ensinam a receita do caruru de São Cosme e Damião
Renca Produções / divulgação

Diversidade de linguagens artísticas é destaque no Férias no Teatro on-line

Teatro, circo, cinema, música e atividades formativas são algumas das opções de uma programação idealizada especialmente para o público infanto-juvenil. É com diversidade de temáticas e formatos que começa, neste sábado, dia 24, o  projeto Férias no Teatro on-line, como parte da programação do Circuito Municipal de Cultura. 

O projeto Férias no Teatro teve sua primeira edição em 2019, trazendo atividades gratuitas, realizadas no período das férias escolares, nos três teatros públicos municipais administrados pela Prefeitura de Belo Horizonte, visando a democratização do acesso à cultura e a formação de novos públicos. 

Em 2021, o Circuito Municipal de Cultura abraçou o projeto, adaptando-o para o formato virtual, mantendo o compromisso de trazer uma programação diversificada e de qualidade para as famílias aproveitarem em segurança e sem precisar sair de casa. 

A programação desta etapa segue no formato digital e será transmitida a partir do canal da Fundação Municipal de Cultura no YouTube (youtube.com/canalfmc), pelo site (circuitomunicipaldecultura.com.br) e pelas páginas do Circuito Municipal de Cultura no Instagram e no Facebook (instagram.com/circuitomunicipaldecultura, facebook.com/circuitomunicipaldeculturabh). 

"A programação segue atenta à pluralidade cultural que compõe a formação cidadã desde a infância, trazendo para o debate a importância do brincar e apresentando, de forma criativa, manifestações culturais e artísticas diversas, contemplando culturas indígenas e afro-brasileiras, apresentações de teatro, dança, circo, música, cinema e ações formativas. Cabe destacar a ampliação do alcance da programação para todas as idades, além do atendimento direto às Casas de Acolhimento de Belo Horizonte, por meio de parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania", ressalta Aline Vila Real, diretora de Promoção das Artes da Fundação Municipal de Cultura. 

A temática indígena abre a programação do Férias no Teatro on-line, no dia 24, às 9h, com a exibição dos curtas-metragens “Konãgxeka - O Dilúvio Maxakali” (MG), “Caminho dos Gigantes” (SP) e “Mitos Indígenas em Travessia” (SP).  

Na língua indígena maxakali, Konãgxeka quer dizer “água grande”. O argumento do filme é o mito diluviano. As ilustrações foram feitas por indígenas, durante oficina realizada na Aldeia Verde Maxakali, no município de Ladainha, em Minas Gerais.  

“Caminho dos Gigantes”, por sua vez, é um curta-metragem de Alois Di Leo e Sinlogo Animation. O filme é uma busca poética pela razão e propósito da vida, que conta a história de Oquirá, uma menina indígena de seis anos, que enfrenta o ciclo da vida e o conceito de destino. 

Já o curta-metragem de animação “Mitos Indígenas em Travessia” reúne seis histórias indígenas dos tempos antigos das etnias Kuikuro (Aldeia Afukuri, Terra Indígena Parque do Xingu, no Mato Grosso), Javaé (Aldeia São João, Terra Indígena Parque do Araguaia, Ilha do Bananal, Tocantins) e Kadiwéu (Aldeia São João, Terra Indígena Kadiwéu, Mato Grosso do Sul). A produção é dirigida por Julia Vellutini e Wesley Rodrigues. 

No mesmo dia, às 18h, o Grupo Oriundo (BH) apresenta o espetáculo cênico-musical “Festa do Pijama”, que propõe levar para o palco o universo lúdico das brincadeiras infantis, com trilha sonora executada ao vivo.  O espetáculo tem como foco o respeito ao  tempo da criança, seu mundo de descobertas e curiosidades. A produção tem direção de Antônio Hildebrando e Anna Campos.  

No domingo, às 16h, o “Show Coletivo Negras Autoras” (BH) realiza uma homenagem ao Dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha e às mães da pandemia, com um repertório especialmente pensado para elas. A programação também homenageia o Dia Municipal Dona Valdete da Silva Cordeiro, instituído pela Lei 10.969/2016, celebrado na capital mineira em 25 de julho. Ainda em homenagem à Dona Valdete, será feita, em parceria com o Centro Cultural Alto Vera Cruz, administrado pela Prefeitura de Belo Horizonte, a gravação de um vídeo com as Meninas de Sinhá, que será veiculado nas redes do Circuito. 

Em sequência à programação artística, no dia 28, às 18h, será a vez da exibição do episódio 2 da série “Histórias de Alimentar a Alma”, que traz como personagem central o pequeno Luan (BH), de apenas 7 anos, que, acompanhado de Makota Cássia (BH),  sua avó, ativista do movimento negro e uma das lideranças do quilombo, apresenta a história do quilombo Manzo Ngunzo Kaiango e da tradição do caruru de Cosme e Damião.  

Luan, conhecido no quilombo pela espontaneidade e pelo dom da comunicação, também participa de outra atividade da programação. Ele comenta a exibição do curta-metragem “Olhos de Erê” (BH), ao lado do cineasta Bruno Vasconcelos.  Bisneto da matriarca Mametu Muiande do Quilombo Manzo N’gunzo Kaiango, Luan percorre nesta produção o espaço sagrado, descrevendo-o com segurança, conhecimento, rigor e frescor infantil. É ele quem, com um celular em mãos, propõe este filme. A exibição comentada do filme será no dia 31, às 11h. 

Ainda na temática de raiz afro-brasileira, a programação traz o espetáculo de contação de histórias “A Lenda de Ananse - Um Herói com Rosto Africano” (BH), do grupo Teatro Negro e Atitude. “A Lenda de Ananse - Um Herói com Rosto Africano” aborda o  respeito aos mais velhos e a valorização do saber  ancestral, através da consagração de um herói cujas  forças provêm da  sabedoria que só o tempo traz. A montagem será apresentada no dia 30, sexta-feira, às 17h.  

O circo também ganha destaque na programação. Em parceria com o Instituto HAHAHA (BH), o Férias no Teatro on-line chegará a 11 Casas de Acolhimento na capital mineira, selecionadas para receber as atividades por atenderem crianças entre 7 a 12 anos.  Os artistas do HAHAHA vão se apresentar, de forma virtual, atendendo a 95 crianças, por meio da ação “Consultório Hahaha - teleconsulta Besteirológica nas UAI's”. O encontro se dá através da tela do computador, onde uma dupla de palhaços faz uma visita às crianças que ali residem, levando um pouco de leveza a esse momento desafiador que atravessamos. 

Ainda no universo circense, o Grupo Trampulim (BH) conta a história dos alimentos de forma inusitada e divertida nas pílulas “A Batata” e “A Mandioca”. Durante o período de isolamento social, os palhaços Benedita e Sabonete descobriram novos palcos, novas plateias, novas diversões e paixões. Começaram a estudar e a descobrir histórias curiosas, divertidas e desperdiçadas, como a origem dos alimentos. O resultado dessa imersão está nas esquetes “A Batata” e “A Mandioca”, que serão apresentadas no dia 28, às 9h.  

Encerrando a programação artística em grande estilo, integrantes do Mindinho Bateria Mirim (BH) fazem show de encerramento com músicas autorais e de domínio público, em um repertório que passeia pelo samba, marchinha, baião, xote, ciranda e funk. O Mindinho Bateria Mirim nasceu em 2019 com a proposta de ser a primeira bateria do Carnaval de Belo Horizonte 100% composta por crianças. O show acontece no dia 31, sábado, às 16h.  

Para aquecer a criançada ao longo da programação do Férias no Teatro on-line, o Mindinho Bateria Mirim preparou duas oficinas gravadas em vídeo, que ficarão disponíveis a partir do dia 24, no YouTube. Com a proposta de criar de forma lúdica um espaço de convivência musical em família, nasceu a proposta da oficina “Percussão com Instrumentos Domésticos”, que será realizada por integrantes do bloco carnavalesco.  

No primeiro vídeo, o funk ganha destaque. A proposta é desvendar como executar um dos ritmos mais populares do Brasil utilizando instrumentos caseiros adaptados, como, por exemplo, panelas, utensílios de cozinha, carrinhos de brinquedo, chaveiro, balde, etc. No segundo vídeo, o samba, a linguagem da maior expressão da cultura musical brasileira, é decifrada através de brincadeiras sonoras com o corpo e instrumentos adaptados em casa. 

Também no dia 24, será divulgado um vídeo no YouTube com parte da vivência da oficina “Construção de brinquedos têxteis: peteca de meia e boneco de meia”, com Ananda Sette. A ideia é ampliar ainda mais o acesso à oficina para aqueles que não puderem realizar a experiência ao vivo.  As oficinas de costura afetiva são espaços nos quais as crianças têm a oportunidade de ter contato com a costura manual de maneira lúdica e construtiva. Nessa oficina, elas terão a oportunidade de manusear elementos têxteis, experimentar o corte e a amarração dos mesmos. 

Quem também integra as ações formativas é a ZAP 18, que  vai ministrar a oficina “Teatro em Vídeo: prática criativa com jovens e adolescentes” - a ação requer inscrição prévia pelo formulário que pode ser acessado no site do Circuito ou no link da bio do Instagram. As vagas são limitadas e voltadas para jovens adolescentes entre 13 e 17 anos. A oficina propõe o reconhecimento de elementos teatrais com o intermédio da câmera e o desenvolvimento de experimentos cênicos que envolvam narrativas pessoais, construção de personagens e interações criativas com a câmera e o espaço cotidiano.  

Ainda dentro das ações de formação e reflexão, o Férias no Teatro on-line promove o Fórum “BRINCAR: as artes, o presente e o futuro”, na quinta-feira, dia 29, entre 14h30 e 17h30. Reunindo artistas, produtores e outros profissionais com vasta experiência na relação com o público infantil, o evento busca refletir as especificidades da produção artística voltada às crianças. Para isso, além de convidados da cena cultural, também participam do fórum membros da Secretaria Municipal de Educação e mediação de um membro da Escola Livre de Artes – Arena da Cultura, da Prefeitura de Belo Horizonte. 

Participam do evento, o dramaturgo e diretor Raysner de Paula; a atriz e arte educadora Gláucia Vandeveld; o multiartista Gil Amâncio; além de Brenda Campos, pedagoga, pesquisadora, idealizadora e coordenadora do FeNAPI - Festival Nacional de Arte para as Infâncias; Mara Catarina Evaristo, Gerente das Relações Etnico-Raciais da Secretaria Municipal de Educação;  Vânia Gomes Michel Machado, coordenadora do projeto Appia Infância, da Secretaria Municipal de Educação; e Ailtom Gobira, coordenador da Área de Patrimônio Cultural da Escola Livre de Artes, que fará a mediação.