Coluninha Literária
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COLUNINHA LITERÁRIA – EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DE 33 ANOS DA BIBLIOTECA PÚBLICA INFANTIL E JUVENIL DE BELO HORIZONTE 3ª EDIÇÃO – 2024

COLUNINHA LITERÁRIA – EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DE 33 ANOS DA BIBLIOTECA PÚBLICA INFANTIL E JUVENIL DE BELO HORIZONTE

3ª EDIÇÃO – 2024

 

APRESENTAÇÃO – PERSONAGENS DE UMA LONGA HISTÓRIA

 

Como surge uma biblioteca? Que histórias guarda, além daquelas impressas nos livros? Quantas personagens “escrevem”, com seus corpos, vozes, criatividade e sensibilidade a história desses lugares ricos, diversos e fundamentais, que são as bibliotecas? Há 33 anos surgia a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, e é um pouquinho de sua história que resolvemos compartilhar com você leitora, com você leitor, através das lembranças afetivas de quem ajudou a construir, significar e renovar esse espaço cultural tão caro à nossa cidade. A nossa BPIJ-BH faz aniversário e nós celebramos com a Reni, o Carlos Barbosa, o Renato Milton, que representam outras e outros gestores, servidores, estagiários, colaboradores, contadores de histórias e muitas, muitas leitoras e leitores. Parabéns BPIJ-BH, parabéns Belo Horizonte, parabéns leitora, parabéns leitor. Vida longa à BPIJ-BH, à literatura, à leitura, à arte e à cidadania!

 

Érica Lima
Centro Cultural Salgado Filho
 

 

COM A PALAVRA: UMA EX-GESTORA

 

 

No aniversário de 33 anos da BPIJ, buscamos personalidades importantes desta longeva trajetória, para nos contarem um pouco da história deste espaço cultural. Reni, bibliotecária de formação, hoje servidora aposentada na Prefeitura de Belo Horizonte, atuou no espaço por 22 anos e foi, também, gestora por um ano. Ela conta que, convidada por Maria Antonieta Cunha, junto a um grupo de bibliotecários, participou da estruturação e organização do espaço até a sua inauguração. Nas suas palavras “…colaborei nos primeiros passos até a biblioteca se tornar um espaço ousado, inovador e de referência no Brasil e na área de literatura infantil e juvenil… eu e a biblioteca crescemos juntas nesta magia da paixão de ler…”.

Ao olhar a história da BPIJ, percebe-se o envolvimento e o carinho de várias pessoas que lá trabalharam e trabalham até os dias de hoje. A atuação da biblioteca foi se modificando, mas o ideal de aproximar leitores e leitoras dos livros e da literatura sempre esteve presente. Quando olhamos para sua programação, vemos a diversidade de suas atividades, muitas oficinas literárias, narração de histórias, rodas e clubes de leitura, saraus, palestras sobre temas de relevância. Diferentes vozes já passaram por esse espaço. Ou seja, a biblioteca sempre pulsou e continua a ser, como expressa Reni: “um espaço aconchegante onde crianças, jovens e adultos são recebidos com alegria”.

Reni, continua acompanhando e participando ativamente da trajetória da biblioteca, pois é integrante do Movimento Cultura, coletivo que atua em prol das políticas públicas de leitura, literatura, livros e bibliotecas da cidade. E ela nos deixa uma mensagem: “…a BPIJBH sempre estará aberta para todos da cidade, possibilitando a cada um experimentar diversas linguagens de leitura, com um acervo maravilhoso e atividades que despertam o gosto pela leitura…”.

Por fim, Reni entende que as crianças precisam “ler bons textos literários que não tenham a pretensão de ensinamentos, de apresentar conteúdos didáticos”. Acredita ser importante a leitura de textos que:

 

…as levem a sonhar, pensar e que despertem a vontade de sempre querer mais e mais.  A literatura para crianças apresenta uma diversidade de estilos, com ilustrações belíssimas, verdadeiras obras de artes que encantam também jovens e adultos. E, para terminar, penso que, na atualidade, as crianças não podem deixar de ler  os autores clássicos: Lobato, Fernanda L. Almeida, Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Elias José,  Sylvia Orthof, Bartolomeu Queiroz, Luis Camargos, Mirna Pinsky, Angela Lago, Angela Leite, Heloisa  Pietro, …e tantas outras escritoras e escritores.

 

Daniela Figueiredo
Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte
 

 

COM A PALAVRA – UM NARRADOR DE HISTÓRIAS

 

Carlos Barbosa é um contador de histórias, mediador de leituras e um grande apaixonado por poesia e livros para crianças. Não há lugar por onde ele passe e que não sejam ouvidos nomes como os de Roseana Murray ou Sylvia Orthof.

 

Sua história de vida é muito ligada a bibliotecas, tanto que, ao responder sobre sua relação com a BPIJ-BH, começa a falar da própria infância, em Vespasiano, sobre  a relação com uma professora especial e como as bibliotecas são, nas suas palavras, “uma espécie de casa mãe, um lugar de aconchego e conforto, um local das mais diversas possibilidades”.

 

É bonito observar como a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil auxiliou e acolheu toda uma geração de contadores de histórias, que se utilizaram e se utilizam do espaço para pesquisas, ensaios, apresentações e diálogo com outros artistas e com o público. Ao falar de seu contato com a BPIJ-BH, Carlos Barbosa nos dá um exemplo disso, ao dizer que ela “foi um marco para tudo o que eu pretendia fazer na minha vida literária”. E completar com:

E foi exatamente nos encontros, nas idas e vindas à BPIJ-BH, que entrei em contato com essa gente comprometida com a fruição estética da arte literária, essa gente antenada com as necessidades estéticas, literárias e culturais que todo livro deve possuir.

 

Uma vez que estamos no mês de aniversário de 33 anos da BPIJ-BH, Carlos deixa uma mensagem e uma dica para os leitores, em especial para aqueles que se dedicam a formar novos leitores. Escreve Carlos que:

 

A BPIJBH é muito viva. Tem uma grande participação na história da formação literária. Por ela passaram grandes contadores e contadoras de histórias, poetas, ilustradores e ilustradoras, sem deixar de mencionar o mar de mediadores de leitura literária que se formaram nesta grande e iluminada instituição.

 

Ele cita, também, a revista Releitura*, publicação que era editada pela biblioteca, cujo conteúdo auxiliou na formação de diversos educadores e outros profissionais envolvidos com a leitura. Diante disso, ele conclui que a verdadeira mensagem a deixar é a importância da valorização dessa biblioteca pelo poder público e sociedade civil.

Por fim, quando pedido para indicar um livro para crianças, Carlos é cauteloso e prefere, ao invés de indicar uma obra, pedir bibliotecas com um “selo de bibliodiversidade e qualidade”, pensando que a pluralidade de textos, histórias, autoras e autores são o que garante que a leitura possa verdadeiramente tocar os pequenos leitores e prepará-los para olhar o mundo de uma maneira humana e crítica. Ele conclui a entrevista com uma frase simples e muito forte, que encerra o texto, mas pode abrir muitos diálogos: “ler é um imenso privilégio”.

 

Rodrigo Teixeira
Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte
 

 

COM A PALAVRA – UM LEITOR

 

 

Renato Milton é um leitor que, há anos, frequenta a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil. Não temos dados para afirmar com certeza, mas, talvez, ele seja o leitor mais antigo do espaço. Eu o conheci quando o via diligentemente procurar os clássicos nas nossas estantes. Como indicação do Renato, conheci o excelente Curzio Malaparte. Ele conta um pouco dessa história com o nosso espaço:

 

Comecei a frequentar a biblioteca quando ela ainda ficava na rua Carangola. Sempre gostei de bibliotecas e, quando descobri a BPIJ, me encantei, principalmente com o acervo de histórias em quadrinhos. Passei a frequentar e, desde então, sou leitor e me sinto muito bem, quando entro e sou bem recebido por pessoas que conheço há  tanto tempo, como a Luzia, o Silvio e o Samuel, e todos os outros que trabalham ali e mantêm essa biblioteca de pé. Prontos para acolher todo aquele que está disposto a participar dessa aventura que é a leitura de um bom livro.

 

Solicitei ao Renato que deixasse um recado para leitoras e leitores da Biblioteca e ele nos escreveu o seguinte:

Espero que as crianças e os jovens guardem algum tempo do seu dia para ler. Como dizia o crítico literário Antônio Cândido, qualquer leitura é melhor do que não ler nada. Comece lendo o que você gosta: romance, aventura, mistério, quadrinhos, não importa, leia. Quem sabe, um dia, você se depara com Machado de Assis ou Franz Kafka e sinta o desejo de conhecer os grandes mestres da literatura. 

 

Por último, pedi que ele falasse de livros fundamentais para uma criança na atualidade. Ele então apontou que:

 

O mercado editorial está muito segmentado e hoje temos livros  infantojuvenis em grande quantidade. Fica até difícil indicar um livro para um jovem leitor. Acredito que os livros que falam de forma correta para a idade certa, sobre assuntos que brevemente eles vão ter que lidar, como bullying, racismo, diversidade,  devem ser indicados, sempre com a intermediação de um adulto para significar o que se apresenta. Também não posso deixar de indicar, e aí tem muito de memória afetiva, a Coleção Vaga-lume, principalmente os livros do Marcos Rey. Essa coleção formou milhares de leitores da minha geração, e tem uma qualidade de histórias e escritores que é um verdadeiro tesouro.

 

 

Samuel Medina
Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte