Prato de fígado com jiló
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6 tradições gastronômicas que só Belo Horizonte tem

Existem pratos e quitutes que você só vai encontrar em Belo Horizonte. Outros surgiram aqui e depois “ganharam pernas”, sendo conhecidos e apreciados no Brasil inteiro. Outros ainda, quando chegaram à capital, se transformaram de algo corriqueiro para iguarias divinas.

Conheça agora algumas dessas instituições da gastronomia belo-horizontina!

Fígado acebolado com jiló - inquestionável, até o Guinness admite
Nos anos 1960 e 1970, o Mercado Central (hoje uma dos lugares mais visitados pelos turistas que vêm a Belo Horizonte) era responsável por boa parte do abastecimento da cidade. Por isso, abria muito, muito cedo. No entorno, não havia opções de alimentação para os trabalhadores, mas sobravam alguns produtos, como os miúdos e o jiló. Os bares próximos começaram a preparar os ingredientes na chapa e, hoje, a iguaria tornou-se o tira-gosto mais famoso em Belo Horizonte, servido por praticamente todos os bares do Mercado. E, fora de lá, também. O amor pelo prato é tanto, que em 2020 ele foi parar no Guinness World Records, que reconheceu a chapa de fígado com jiló preparada durante o Festival Cultural do Mercado Central, em 2018, como a maior do mundo. A preparação foi realizada por 12 chefs de Belo Horizonte.

Coxinha com catupiry

Coxinha com catupiry - sim, o Brasil nos deve essa
A cozinha é um salgado muito popular no Brasil. Em várias lanchonetes, ao pedir uma coxinha, você vai ouvir a pergunta: simples ou com catupiry? Pois a versão com o delicioso queijo surgiu, pela primeira vez na história deste país, em Belo Horizonte. Há mais de 40 anos, nos anos 1970, a extinta lanchonete Doce Docê resolveu revestir a “cumbuca” (cavidade que recebe o recheio do salgado) com requeijão cremoso, e só depois colocar  a mistura bem temperadinha de frango ou camarão. Foi um sucesso, viajou o país e hoje é um patrimônio gastronômico.

LimonadaLimonada do Mercado - para quem não se importa quando a vida oferece limões
Nem só de queijo, carne, tira-gosto e doce vive o Mercado Central de Belo Horizonte. Tradição desde os anos de 1930 na capital (sim, 1930!), quando o local ainda se chamava Mercado Municipal e era administrado pela Prefeitura, a famosa limonada geladinha é parada obrigatória. Pode ser consumida na versão tradicional ou reforçada (mais ácida, com uma dose extra de suco de limão), com ou sem açúcar, porque em Belo Horizonte é o paladar que manda. Nunca amarga, sempre refrescante, a Limonada do Mercado Central é tão especial, que aparece como atração em diversos sites de ranking turístico. 

KaolKaol - a boemia tem sabor, e ele é maravilhoso
Quem nasceu em Belo Horizonte corre o risco de perder o título de “cidadão” se nunca tiver comido o Kaol, prato que leva arroz, ovo e linguiça e deve, de preferência, ser acompanhado por uma “kachaça”. Criado há mais de 80 anos, inicialmente era oferecido aos funcionários do Café Palhares. Artistas, boêmios e fãs de futebol (o bar foi um dos primeiros a ter televisão na capital e também vendia ingressos para os jogos) que frequentavam a região, bem no Centro de Belo Horizonte, ao sentir o aroma que vinha da cozinha, começaram a pedi-lo também. Daí para entrar no cardápio foi um pulo. Dizem que o nome do prato foi dado pelo compositor Rômulo Paes — sim, o mesmo autor da famosa frase “Minha vida é esta, subir Bahia, descer Floresta”. Outro nome frequentemente ligado ao prato é o do presidente Juscelino Kubitschek, que antes de criar Brasília deliciou-se com vários kaóis. Você pode pedir o Kaol “raiz”, mas a versão atual leva arroz, ovo caipira, farofa de feijão, couve refogada, linguiça caseira de pernil e molho de tomate caseiro, considerado uma fórmula secreta do estabelecimento. E não pense que o valor do Kaol está na fama — atualmente, há fila no Palhares na hora do almoço, e a razão é mesmo a qualidade dos ingredientes e a generosidade que transparece no preparo.

RochedãoRochedão - eles usam black tie
Você pode estar de jeans e camiseta ou com sua melhor roupa de festa: o Rochedão não exige código de vestimenta. Queridinho do fim de noite, o prato é servido no tradicional bar Bolão, no bairro de Santa Teresa, conhecido pela atmosfera que mistura uma cidade do interior com a vida boêmia. Legítimo representante da “comida conforto”, o Rochedão é um clássico: arroz, feijão, batata frita, filé e ovo. Apreciado por gerações, o prato já inspirou músicos do Clube da Esquina, do Sepultura, do Skank e do Pato Fu, entre outros. Moradores, turistas e amantes da cozinha simples, mas sempre saborosa, saem com boas lembranças de Belo Horizonte, mas sem nem lembrar o que significa a palavra “gourmet”.

Caldo de MocotóCaldo de mocotó - o horário comercial é pouco para ele
No calor ou no frio, de noite ou de dia, o caldo de mocotó do Nonô é uma tradição de quase 60 anos, servida 24h em Belo Horizonte. No centro da Capital desde 1964, o estabelecimento transforma uma receita feita com uma parte pouco nobre do boi em uma experiência inesquecível de sabor, conforto e capricho. Os ingredientes são sempre adquiridos juntos aos mesmos fornecedores e os funcionários estão há décadas no local. Seja o caldo simples ou o completo (com cebolinha e dois ovos de codorna), o caldo de mocotó mais tradicional entre os belo-horizontinos já inspirou escritores e documentaristas, além do renomado chef, escritor e apresentador de televisão estadunidense Anthony Bourdain (1956-2018).