Falcão-cauré (Falco rufigularis), espécie avistada no Parque Serra do Curral, na região Centro-sul de BH
Falcão-cauré (Falco rufigularis), espécie avistada no Parque Serra do Curral, na região Centro-sul de BH | Foto: Banco de Imagens

Primavera surpreendente com observação de pássaros em Belo Horizonte

Você já ouviu falar em turismo de observação de aves ou, em inglês, birdwatching? Essa vocação turística é a cara do Brasil, país com a segunda maior diversidade de espécies de aves (1900) do planeta, atrás apenas da Colômbia (1924).

A capital mineira é uma ótima opção para quem deseja conhecer a prática. Quem anda apressado por Belo Horizonte nem imagina que nas árvores, quintais, jardins e parques da capital vivem pelo menos 365 espécies de avifauna já registradas! Algumas delas são raras e correm risco de extinção.

Considerada uma atividade sustentável, uma vez que não interfere na rotina dos animais e, ao mesmo tempo, sua divulgação contribui para mobilizar recursos para a preservação ambiental, a observação de aves traz descobertas surpreendentes a cada passeio.

Birdwatching em BH: do Centro à Pampulha

Caminhar pelas ruas, parques e praças da capital, seja indo para o trabalho ou fazendo um exercício matinal, já é uma oportunidade para “passarinhar”, termo comumente utilizado para a atividade. 

Na primavera, as aves se encontram em época de reprodução e estão mais ativas, em especial pela manhã. Além das conhecidas rolinhas, bem-te-vis e sabiás, animais como o falcão-peregrino já foram avistados bem ali na Praça da Savassi. A majestosa águia-chilena pode ser vista na região da Rua da Bahia ou nas proximidades da Serra do Curral (veja destaque logo abaixo). 

Garça avistada sob o céu azul da Lagoa da Pampulha, em Belo HorizonteNa Pampulha, a Lagoa serve de abrigo para espécies aquáticas, como o mergulhão-caçador e as belíssimas garças, além de aves migratórias, como o príncipe e a tesourinha. Os jardins do Museu de Arte da Pampulha e o Parque Ecológico são pontos privilegiados para quem quiser ver, ouvir ou fotografar essas e outras aves. Antigos moradores da área, mesmo não tendo asas, também atraem olhares, como as capivaras e os jacarés. 

Locais como o Parque Lagoa do Nado, Parque das Águas, Parque das Mangabeiras, a Mata das Borboletas e o Jardim Zoológico, assim como vários outros espaços verdes de Belo Horizonte, são ideais para a prática. São mais de 50 parques, distribuídos em todas as regionais da cidade.

Para observar, bastam nossos olhos e ouvidos. Para aqueles que são profissionais, é costumeiro o uso de roupas camufladas, binóculos, câmeras fotográficas e outros equipamentos para aproximar a imagem e registrar as aves. Não tem experiência mas se interessou pelo passeio? Não tem problemas, a capital possui diversas agências especializadas no birdwatching. Consulte a listagem aqui mesmo, no Portal Belo Horizonte!    

Vale lembrar que no entorno da capital mineira há atrações como o Parque Nacional da Serra do Cipó, cuja variedade de clima, relevo e flora favorecem uma imensa variedade de espécies, inclusive espécies raras, ameaçadas de extinção e até endêmicas, como o lenheiro-da-serra-do-cipó (Asthenes luizae) e o beija-flor-de-gravata-verde (Augastes scutatus).

Destaque: observação da avifauna na Serra do Curral

Com uma área aproximada de 400 mil metros quadrados, a Serra do Curral é um dos principais marcos geográficos de Belo Horizonte e da região metropolitana, atuando como uma moldura que circunda a vista incrível formada pela capital e seu entorno. O Parque da Serra do Curral, instalado neste símbolo belo-horizontino, abriga espécies típicas de Campo de Altitude, Cerrado e Campo Rupestre. 

O parque permite a observação de seus habitantes naturais de diversas formas. Para os amantes da natureza que não possuem experiência, é possível assistir e escutar os pássaros que vivem no parque a partir dos mirantes e praças, com pouco esforço. 

Para os profissionais, trilhas levam a recantos encantadores do parque e permitem a observação das mais de 125 espécies já registradas, como a campainha-azul (Porphyrospiza caerulescens) e o falcão-cauré (Falco rufigularis), nunca antes avistado na capital até uma recente aparição. 

Periquitão Psittacara leucophthalmus espécie que pode ser observada na Serra do Curral, em Belo HorizonteAlgumas outras espécies encontradas no Parque da Serra do Curral:
Águia-chilena (Geranoaetus melanoleucus
Carrapateiro (Milvago chimachima)
Coruja-da-igreja (Tytu furcata)
Chorozinho-de-chapéu-preto (Herpsilochmus atricapillus)
Urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura)
Periquitão (Psittacara leucophthalmus)
Periquito-rei (Eupsittula aurea)
Choca-de-asa-vermelha (Thamnophilus torquatus)
João-de-pau (Phacellodomus rufifrons)
Gibão-de-couro (Hirundinea ferruginea)
Risadinha (Camptostoma obsoletum)
Guaracava-de-barriga-amarela (Elaenia flavogaster)

Fique atento: para entrar no Parque, é necessário estar vacinado contra febre amarela há pelo menos 10 dias e portar comprovante. As regras de prevenção à Covid-19 também devem ser respeitadas.

Endereço: Praça Estado de Israel - Av. José do Patrocínio Pontes, 1.951 - Mangabeiras
Funcionamento: Terça a domingo, das 8h às 17h (entrada permitida até às 16h)
Contato: (31) 3277 8120
Saiba mais sobre o funcionamento dos Parques no Portal da Prefeitura de Belo Horizonte 

Você sabia?

"Bordando Memórias - Aves da Pampulha"A observação de aves em Belo Horizonte é tão presente que inspirou a publicação de um catálogo com bordados que retratam as aves da região da Pampulha. "Bordando Memórias - Aves da Pampulha" foi lançado em setembro de 2021 como parte da comemoração dos 8 anos do Museu Casa Kubitschek. Disponível em formato virtual, a publicação é fruto do trabalho das bordadeiras que participam do "Bordando Memórias", projeto realizado pelo Museu desde 2017. Ao todo, 74 aves foram retratadas por 62 bordadeiras. Na delicadeza do trabalho manual, materializa-se não só a diversidade das aves da Pampulha, mas também a sensibilidade das bordadeiras, suas memórias, suas referências culturais, narrativas e saberes. Acesse o catálogo aqui!