Na palestra, a professora emérita percorre a obra de Oswaldo França Júnior, tecendo uma análise detalhada sobre cada livro abordado em suas próprias publicações, apresentando os enredos, comentando as narrativas, situando os personagens, retomando os fatos e acentuando a relevância destes em cada momento da história do Brasil.
Segundo Maria Angélica Lopes, Oswaldo França Júnior ajudou a renovar a ficção nacional a partir da novelística que constrói uma história não oficial do Brasil, mas nem por isso menos verdadeira.
Testemunha de época tumultuada, foi um dos ficcionistas a ousarem denunciar a situação sociopolítica do país.
De acordo com a professora, desde o primeiro romance, O Viúvo, as qualidades literárias saltam aos olhos do leitor, apesar dos fortes sentimentos que evoca. “O romance é realista, irônico e elegante.
A simplicidade da narrativa a princípio engana, pois o autor deixa muito à sagacidade do leitor, a quem é dado encontrar em cada romance a chave do código hermenêutico descrito por Roland Barthes.
Cada um dos doze livros apresenta notável continuidade e cada um deles oferece nova direção ao autor”, ressalta. Em Jorge, um Brasileiro, por exemplo, o protagonista é o chamado "homem do povo”, de classe baixa, cujo valor o autor reconheceu e ilustrou também em seus outros romances.
Jorge, um Brasileiro recebeu o Prêmio Walmap 1967, cujos juízes eram os célebres Guimarães Rosa, Jorge Amado e Antônio Olinto.
O livro se tornou popular como filme e na televisão. De certo modo o romance indicou a descoberta de um novo herói, motorista e portanto operário.