Uma das peças mais aplaudidas e premiadas desde sua estreia em 2017, Tom na Fazenda chega a Belo Horizonte pela primeira vez em curtíssima temporada.
Após uma temporada de grande sucesso no prestigiado Festival de Avignon, na França, a montagem idealizada por Armando Babaioff com direção de Rodrigo Portella chega a Belo Horizonte, exatamente cinco anos após sua primeira apresentação.
Assistida por mais de 45 mil pessoas, Tom na Fazenda traz no elenco Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary, além do próprio Babaioff, em um drama forte e potente que aborda a inabilidade do indivíduo para lidar com o preconceito, violência e fracasso.
Tom na Fazenda é baseada na obra “Tom à la Farme”, do autor canadense Michel Marc Bouchard. Foi numa conversa com um amigo que Babaioff tomou conhecimento do filme Tom na Fazenda (2013), adaptação da peça homônima, com direção do franco-canadense Xavier Dolan. Arrebatado pela obra, o ator começou a traduzir a peça, que conta uma história universal, comum entre jovens de várias gerações, de diferentes culturas.
São homens e mulheres que, por conta do preconceito, aprendem a mentir antes mesmo de aprenderem a amar. As famílias, guardiãs das normas sobre a sexualidade, garantindo sempre a heteronormatividade, inserem nos próprios membros a semente da homofobia.
Em cena, o publicitário Tom (Armando Babaioff) vai à fazenda da família para o funeral de seu companheiro. Ao chegar, descobre que a sogra (Soraya Ravenle) nunca tinha ouvido falar dele e tampouco sabia que o filho era gay.
Nesse ambiente rural e austero, Tom é envolvido numa trama de mentiras criada pelo truculento irmão (Gustavo Rodrigues) do falecido, estabelecendo com aquela família relações de complicada dependência. A fazenda, aos poucos, vira cenário de um jogo perigoso, onde quanto mais os personagens se aproximam, maior a sombra de suas contradições.
“Todo redemoinho que devastará a vida dos que fogem das normas surge no núcleo de suas próprias famílias”, comenta Rodrigo Portella, que opta, mais uma vez por uma encenação com poucos elementos para que as sutilezas das relações propostas pelo texto se sobressaiam. “Bouchard compôs uma obra de estrutura impecável.
Ele vai fundo nas contradições dos seus personagens, o que os torna muito próximos de nós”, acredita o diretor.
Vencedor dos Prêmios APCA, APTR, Shell, entre outros, o espetáculo já completou mais de 250 apresentações com dez temporadas no Rio de Janeiro, uma em São Paulo e uma em Montreal, no Canadá, quando foram surpreendidos pela pandemia da Covid-19 e obrigados a cancelar as apresentações que fariam também em Connecticut, nos Estados Unidos, e no Festival de Avignon, em 2020.