Grupo Corpo chega ao Grande Teatro Cemig Palácio das Artes para cinco apresentações, trazendo Gil Refazendo (2022), com trilha de Gilberto Gil, e Breu (2007), música de Lenine, num contraste entre a solar criação do baiano e a densa música do pernambucano, traduzidas na coreografia de Rodrigo Pederneiras - de 30 de agosto a 3 de setembro -
GIL REFAZENDO
A trilha, especialmente criada por um dos papas da música popular brasileira, Gilberto Gil, chegou às mãos de Paulo e Rodrigo Pederneiras em 2019, quando o baiano completou 80 anos.
E ganhou sua primeira tradução cênica - GIL. Ano passado, a música voltou ao palco em uma nova encarnação, no espírito de renovar, reconstruir, rever, reviver. Refazer. “Não é somente uma nova coreografia: é um novo espetáculo”, vai mais longe o diretor artístico da companhia, Paulo Pederneiras. O nome ganhou o aposto: GIL REFAZENDO.
Assim como a música de Gilberto Gil, que se ergue na releitura de temas do compositor baiano que o Brasil conhece de cor, o balé foi reconstruído. Inteiro.
BREU
Tradução poética da violência e da barbárie dos dias que vivemos, Breu, balé criado em 2007, é uma demolidora partitura de movimentos escrita por Rodrigo Pederneiras.
Para expressar em movimentos a densa e lancinante trilha sonora criada por Lenine, coreógrafo e bailarinos partiram para a formulação de novos códigos de movimento, repletos de angulosidade e a rispidez.
A brusquidão das quedas e uma penosa morosidade nas subidas parece puxar os bailarinos para o chão, movendo-se com o auxílio da pélvis, dos pulsos, dos cotovelos, dos joelhos, dos tornozelos, dos calcanhares.
Para manter-se de pé ou ficar por cima, é preciso ignorar o outro e encará-lo como inimigo.
O individualismo, o triunfo a qualquer preço e a disposição para o confronto como estratégia de sobrevivência parecem reger os quarenta minutos de espetáculo.