“Arabescos, geometrias, construções. As composições sugerem paisagens, bichos, personagens e o que mais a imaginação quiser revelar. Tudo parece familiar e, ao mesmo tempo, inédito”. É assim que Amanda Lopes, curadora da exposição e professora de arte do Loyola, descreve as pinturas e esculturas do artista mineiro. Fernando Perdigão reuniu obras inéditas, multicoloridas, feitas com diversos materiais para esta mostra, com entrada franca. O impacto que as obras podem causar no espectador pode ser peculiar e particular. Segundo Lopes, as peças parecem ser abstratas e, de fato, algumas são. Porém, em outras, há uma tendência lúdica presente, que poderá trazer à mente das pessoas alguma familiaridade pelos traços e cores criados por Perdigão.
O trabalho do artista plástico mineiro lembra a cadência de pipas, adereços de Carnaval, as ruas de Ouro Preto (sua cidade natal) e cores vibrantes de materiais publicitários. Pelos vieses acadêmico e de formação integral previstos no conceito de Cidadania Global da Rede Jesuíta de Educação, “Alegorias Flutuantes” também pode conectar os jovens com diversos universos e realidades. “Diante das obras, fazemos múltiplas leituras e conexões com nossas memórias afetivas relacionadas à cultura local e global. Algumas foram propostas conscientemente pelo artista, e outras fazem parte do nosso imaginário, do inconsciente. Isso mostra como estamos conectados, interligados em um contexto mais amplo do que o bairro ou a cidade onde moramos. Visitar a exposição pode ser uma oportunidade de tomar consciência das inter-relações culturais que constituem a Cidadania Global, muito importante para o Colégio Loyola e Rede Jesuíta de Educação”, declara Lopes. Apesar de terem sido produzidas em períodos distintos, a maior parte das obras contêm um mesmo esquema lógico de construção, formal e cromático. Algumas imagens possuem apelo figurativo, enquanto outras tendem à abstração.
Para entender melhor tanta inspiração, Fernando Perdigão esclarece: “As ‘Alegorias Flutuantes’ são reflexos das memórias da minha infância, em Ouro Preto, somadas às riquezas culturais do universo amplo ou particular contemporâneo. Faço tudo como uma brincadeira séria, um exercício de criação e do fazer livre”, explica. Os títulos, designados após o remate, reforçam a poética de cada obra. As formas flutuam no espaço físico e no imaginário do artista. Ao serem expostas no Passo da Artes, passam a fazer parte, também, do imaginário de quem visita a mostra, modificando suas percepções e conexões visuais. Parafraseando o autor, “já que não podemos voar, vamos flutuar!”.