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Letra em Cena: Como ler João Gilberto Noll, com Luis Alberto Brandão

Descrição

A última sessão da edição 2022 do programa literário do Centro Cultural Unimed-BH Minas, o “Letra em Cena. Como ler...”, apresentará as letras do escritor gaúcho João Gilberto Noll (1946 – 2017) sob o olhar do professor da faculdade de Letras da UFMG Luís Alberto Brandão.

No dia 22/11, terça-feira, às 19h, José Eduardo Gonçalves, curador do programa literário, mediará a palestra sobre o escritor que afirmava que “a gente tem que ir atrás do incatalogável”.

A leitura de textos será feita pela atriz Talita Braga. Inscrições gratuitas no site da sympla.

A primeira observação a ser feita sobre a obra de João Gilberto Noll é que é complicado classificar. “Trata-se de uma escrita peculiar, de um estilo marcadamente pessoal, difícil de ser classificado. “’A gente tem que ir atrás do incatalogável’, Noll afirmou numa entrevista. Pela natureza pulsional e desestabilizadora de sua escrita, às vezes ele é comparado a Clarice Lispector.

Pelo caráter experimental, que não abre mão de um alto grau de depuração de linguagem, às vezes ele é aproximado a Sérgio Sant’Anna”, afirma o palestrante Luís Alberto Brandão.

O professor diz que quanto a movimentos literários, não é possível colocar o escritor gaúcho em uma prateleira. “Noll não pertence a nenhum movimento literário.

Pode-se dizer, no máximo, que ele compartilha de algumas das inquietações estéticas, existenciais e políticas que definem o horizonte dos escritores brasileiros da geração que começa a publicar nos anos 1970 e 1980”, diz.

Noll tinha apresso por outras expressões artísticas como o canto lírico e cinema. “A relação com outras artes é determinante na obra de Noll, que utiliza as palavras de um modo especialmente sensorializado.

A musicalidade de sua prosa justifica que ela com frequência seja considerada próxima à poesia. A presença do cinema e do teatro, sobretudo em suas vertentes vanguardistas, define o caráter intensamente imagético de suas narrativas”, aponta Luís Alberto.

É claro que Noll também era assíduo frequentador de biblioteca, sendo assim, “Noll era um grande leitor, com uma sensibilidade e uma argúcia que com certeza formam o lastro de complexidade e ousadia da obra que ele produziu”, atesta o professor.

O escritor afirmava que seus personagens são infra-humanos.

Ou seja, são pessoas indignas do ser humano, abaixo do que o ser humano merece. “Noll destaca em especial personagens que, por diferentes formas e razões, não se enquadram nas regras do convívio social. São deslocados, sujeitos fora de lugar, ou sem lugar, em constante trânsito.

Essa característica coloca sob indagação os limites do que se costuma definir como humanidade”, explica o professor. O texto de Noll tem um caráter político. “Acho que meus romances são políticos.

Falar de solidão, hoje, é uma questão altamente política”, disse o escritor em entrevista para o jornal literário Cândido. “O caráter político se vincula à força questionadora e desestabilizadora atribuída por Noll à literatura, como fica claro nesta passagem da mesma entrevista: “O meu modo de encarar a literatura é esse: é dizer o que não é dito em sociedade”, aponta Luís Alberto Brandão.

Localização
Café do Centro Cultural Minas Tênis Clube - Rua da Bahia, 2244 - Bairro Lourdes
Centro-Sul
Horários
a
Luís Alberto Brandão, professor da UFMG, analisa a obra do escritor gaúcho no dia 22.
Entrada
Gratuito
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