Exposição BOTAR FÉ exibe resultado de pesquisa das residências do Bolsa Pampulha
Viaduto das Artes

Exposição BOTAR FÉ exibe resultado de pesquisa das residências do Bolsa Pampulha

Obras dos 16 artistas participantes refletem sobre territórios, deslocamentos e identidades

A Prefeitura de Belo Horizonte, em parceria com o Viaduto das Artes, apresenta o
resultado do processo de pesquisa dos artistas contemplados na 8ª edição do Bolsa
Pampulha com a exposição "Botar Fé". Durante seis meses, o programa do Museu de Arte
da Pampulha (MAP) recebeu 16 artistas e coletivos, seis a mais que as edições anteriores,
com atuação nas áreas de artes visuais, design, arquitetura e arte-educação. Sob a
curadoria de Amanda Carneiro e Raphael Fonseca, e orientação dos artistas visuais Brígida
Campbell, Marcel Diogo, Laura Belém e do cineasta Gabriel Martins, os bolsistas
desenvolveram e aprofundaram seus trabalhos e pesquisas artísticas.

Ao longo das residências, a expressão “botar fé” foi sendo verbalizada pelos artistas
enquanto manifestação de crença e esperança. A constância do uso da gíria foi tal que o
termo acabou batizando a exposição. De acordo com o curador Raphael Fonseca, ser
artista visual consiste em um ato de ter fé naquilo que você faz, é uma espécie de tiro no
escuro. “Seja em Belo Horizonte, seja em outros lugares do Brasil ou do mundo, é
constante a fé no ofício e uma entrega ao fazer, cujos ecos não se controlam”, pontua.

A exposição é resultado desse trabalho de criação, experimentação e imersão. Com cerca
de 100 obras, a mostra será realizada em dois locais simultaneamente: no Museu de Artes
e Ofícios (MAO), localizado na Zona Cultural Praça da Estação, a inauguração da
exposição será dia 25 de novembro (sexta-feira), às 19h. No Viaduto das Artes,
localizado no Barreiro, a abertura será dia 26 de novembro (sábado), às 11h. Algumas
obras da exposição também estarão no Jardim do MAP e em outros espaços da cidade.

A Secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, celebra a 8ª edição do Bolsa Pampulha.
"Esse edital é resultado de políticas públicas de acesso, formação e democratização
voltadas às Artes Visuais, mas principalmente de fomento à pesquisa, experimentação e
inovação no setor que, a cada ano, aprimoram-se e efetivam-se na construção desse
Programa, reconhecido nacional e internacionalmente. O momento é de celebração, pois o
Bolsa Pampulha chega à oitava edição mantendo sua importância, relevância e excelência".

Luciana Féres, presidente da Fundação Municipal de Cultura, ressalta a efetividade da
política pública desenvolvida pelo Bolsa Pampulha. "Receber esses 16 artistas e coletivos
da cidade e Região Metropolitana para uma imersão durante a residência de seis meses do
Bolsa Pampulha e, agora, ver o resultado desse processo de pesquisa, é uma grande
alegria. É a materialização e a consolidação de uma política pública de fomento a partir de
um programa que, historicamente, vem impactando o cenário das artes visuais".

A diversidade estampada nos perfis dos artistas

O grupo de artistas reunido nesta 8ª edição do Bolsa Pampulha reflete os temas e
preocupações de uma geração, conforme explica Amanda Carneiro, uma das curadoras do
Programa de Residências. “É uma edição que sublinha tópicos contemporâneos e
apresenta as maneiras como os artistas materializam suas questões em trabalhos de arte.
Também é um grupo que pensa muito sobre o trânsito, seja pelo deslocamento na cidade,
seja numa perspectiva mais subjetiva”, completa Amanda.

A reflexão sobre esses deslocamentos e os tensionamentos sobre o espaço público,
especialmente abraçando as bordas da cidade, fundamentam a decisão de realizar a
exposição “Botar Fé” em dois endereços, envolvendo desde a centralidade representada no
Museu de Artes e Ofícios (MAO), situado em plena Praça da Estação, no centro da capital
mineira, à ocupação do Viaduto das Artes, espaço de convergência cultural situado no
Barreiro, região periférica de Belo Horizonte, que funcionou como ateliê nessa 8ª edição do
Bolsa Pampulha, enquanto o Museu de Arte da Pampulha segue em processo de restauro.
Isso reforça que o MAP, mesmo com seu edifício sede fechado, continua com atividades
intensas.

Além desses dois locais sede, a exposição reforça a ocupação amplificada da cidade ao
expor dois trabalhos em outros endereços. “O bom cabrito não berra” é o nome da
instalação do artista Froiid, a ser conferida nos jardins do Museu de Arte da Pampulha
(MAP). Por sua vez, o artista Comum apresenta a obra “Sopa de Letras” na curva do
viaduto Moçambique (avenida Antônio Carlos, bairro Lagoinha), na curva do Ponteio Lar
Shopping (bairro Santa Lúcia) e no muro em frente ao Viaduto das Artes.

A diversidade de vivências dos artistas selecionados se traduz na amplitude dos trabalhos e
suportes apresentados. As criações propostas utilizam-se de mobiliários, instalações,
objetos, fotografias, pinturas de retratos, pinturas de imaginação, paisagens, colagens e
trabalhos escultóricos, entre outros.

A identidade periférica é ingrediente presente em quase a totalidade das criações, também
marcadas por reflexões que surgem a partir de consciências não-brancas. Nesse sentido, a
realização de encontros públicos com importantes nomes do cenário cultural, ao longo das
residências, trouxe camada complementar de conhecimentos e partilhas. Participaram
desses bate-papos artistas e pesquisadores como a professora Leda Maria Martins, o
fotógrafo Eustáquio Neves, a curadora Julieta Gonzalez (Inhotim), o curador Rony Maltz
(revista Zum), a advogada Juliana Sá (MASP), a produtora executiva Ana Helena Curti, a
artista Efe Godoy e o coletivo Serigrafistas Queer (ARG).

As marcas desta edição

Descentralizar o fomento às artes visuais é uma das propostas dessa edição do Bolsa
Pampulha. Para alcançar esse objetivo, o programa apresentou novidades durante as
residências. Instalar o ateliê coletivo fora do Museu de Arte da Pampulha (MAP) foi
indicativo dessa intenção. Por isso, o Viaduto das Artes, situado no Barreiro, recebeu as
residências ao longo de seis meses.

Não ter mais limitação de idade máxima possibilitou ao Bolsa Pampulha a inclusão de
artistas de trajetórias igualmente distintas, além de complementares. Para o curador
Raphael Fonseca, o resultado consiste em um lugar de cruzamento geracional. “Agrupamos
um misto de pessoas que vão de percursos recentes a gente com mais experiência”,
contextualiza.

O Programa de Residência Artística passou a contemplar dezesseis bolsistas - seis a mais
que edições anteriores -, com propostas nos campos do design, arquitetura e arte-
educação, além das artes visuais, visando ampliação de suas transversalidades.
Por ter sido uma edição realizada durante a pandemia da covid-19, o 8º Bolsa Pampulha
inovou ao criar um recorte territorial, no intuito de ratificar o compromisso das políticas
públicas junto à comunidade local. Dessa forma, todas as propostas artísticas contempladas
são de proponentes residentes em Belo Horizonte ou em alguma das outras 34 cidades da
Região Metropolitana da capital.

Os artistas participantes

Artes Sapas é um grupo criado em Sabará que possui um ateliê de serigrafia, costura e
artes gráficas e visa amplificar a produção lesbitrans, tendo o humor como ferramenta
utilizada na fabulação de perspectivas dissidentes, representado por Letícia Bezamat e
Nádia Fonseca.

ciber_org é natural de Nova Lima. Estudou Artes Visuais na Escola de Belas Artes da
UFMG. A construção da identidade no século 21 mediada pelas mídias sociais é o que
move seu processo investigativo.

Comum começou a dialogar com o espaço urbano por meio de lambe-lambes com temática
punk. Em seguida, passou a realizar trabalhos com stencil e grafite. Suas criações tentam
incidir politicamente sobre o território. Natural de Belo Horizonte, possui formação em Artes
Gráficas pela Escola de Belas Artes da UFMG.

Cozinha Comum é um coletivo formado por Jon Olier, Julia Bernardes, Laís Velloso e Silvia
Herval. Nascido no Espaço Comum Luiz Estrela, em BH, o grupo busca confluir elementos
estéticos, políticos e afetivos a partir da comida em diálogo com a escrita, o desenho, a
instalação, a performance e a arte-educação.

Dalila Coelho dedica-se a fazer registros de estéticas das periferias da capital mineira,
cidade onde nasceu. Usa a fotografia analógica como principal ferramenta. Seus trabalhos
mais recentes pesquisam o amor na contemporaneidade junto a experimentações textuais e
audiovisuais. Em 2020, recebeu o 1º Prêmio Décio Noviello de Fotografia e publicou, em
2021, o fotolivro "Beleza".

Froiid nasceu em BH. É mestre e graduado em Artes Visuais pela UEMG. Artista
multidisciplinar e curador, foi membro e fundador de coletivos relacionados à cidade,
ocupação urbana e território. Suas criações tensionam as relações entre arte, jogo,
malandragem e periferia, criando instalações, pinturas e jogos em diversos suportes.

Hortência Abreu graduou-se em gravura na Escola de Belas Artes da UFMG e é doutora
em artes pela mesma instituição. Seus estudos se concentram na relação entre imagens da
arte, história e memória. Uma pesquisa envolvendo a produção artística e documental da
Guerra contra o Paraguai foi seu trabalho mais recente. É natural de Belo Horizonte.

Ing Lee é artista coreana-brasileira, nascida em BH. Bacharel em Artes Visuais pela UFMG,
sua carreira se concentra em suportes impressos, narrativas gráficas e desdobramentos.
Também desenvolve trabalhos em escultura, com especial enfoque em cerâmica coreana.
Integra o Mitchossó, coletivo da diáspora coreana da Casa do Povo, em São Paulo (SP).

Ítalo Almeida nasceu em São Paulo, vive em BH e assina também como cmg_ngm_pod. É
artista visual com trabalhos em fotografia, cinema e instalação. Utiliza como campo de
pesquisa os locais de aglomeração popular para cartografar sua localização no mundo.

Joseane Jorge nasceu em Conceição do Mato Dentro (MG). Formou-se em Arquitetura e
Urbanismo pela UFMG. Vive entre Belo Horizonte e a Serra da Moeda. Mantém interesse
no potencial de interação da arte e do compartilhamento da comida como ferramenta para
trocas sociais e diálogos com o território e a paisagem.

Luana Vitra cresceu em Contagem (MG). Artista plástica formada pela Escola Guignard da
UEMG, é também dançarina e performer. O contato com ferro e fuligem faz parte de suas
experiências. A compreensão do próprio corpo como armadilha é uma de suas defesas,
além da lida com a materialidade e espacialidade que seu trabalho evoca.

Lucas Emanuel tem passagens pelo grafite e pintura. Natural de BH, o artista mantém
diálogo com a rua como espaço produtivo de imagens ou acontecimentos, tendo interesse
especial pela figura humana e pela relação com objetos. As noções de ruína e fragmento,
bem como a tensão entre memória e ficcionalização, são fundamentais para suas criações.

Marcelo Venzon nasceu em Vitória (ES). Estudou Arquitetura e Urbanismo na UFES. Para
além de seu trabalho em arte contemporânea, entende o fazer arquitetônico e escultórico
como pontos de partida de sua pesquisa. No momento, investiga as memórias de Zezinho,
seu tio avô, que trabalhou como vitrinista e viveu em Ribeirão Preto (SP), entre as décadas
de 1970 e 1990.

Marcus Deusdedit vive em BH e é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG. Sua
prática elabora possíveis atualizações da produção do campo de arquitetura e design a
partir do deslocamento estético de seus códigos. Atualmente, tem a edição de imagem e
vídeo e a elaboração de instalações como linguagens de interesse.

Mateus Moreira vive em Belo Horizonte (MG). Graduado em Pintura pela Escola de Belas
Artes da UFMG, sua trajetória envolve uma investigação dentro da paisagem, do retrato e
da natureza morta. O artista assimila elementos do mundo para materializar imagens que
confluem forças das mais diferentes origens.

Pedro Neves é natural de Imperatriz (MA). É pintor autodidata e pesquisador de
manifestações culturais e saberes não institucionalizados brasileiros. Apresenta trabalhos
que associam arte moderna e contemporânea brasileira, mosaicos bizantinos, arte pré-
colombiana, youkais japoneses, objetos e máscaras de artes africanas.

SERVIÇO:
8ª edição - Bolsa Pampulha - Exposição “Botar Fé”
Museu de Artes e Ofícios
Praça Rui Barbosa, 600, Centro, Belo Horizonte, Minas Gerais, (31) 3248-8600
Abertura: 25 de novembro, às 19h
Período: 25 de novembro a 4 de fevereiro
11h às 16h (sábado até 17h; fecha domingo e segunda)

Viaduto das Artes
Avenida Olinto Meireles, 45, Barreiro, Belo Horizonte, Minas Gerais, (31) 98802-5140
Abertura: 26 de novembro, às 11h
26 de novembro a 5 de fevereiro
10h às 17h (fecha sábado e domingo)
Entrada gratuita