Você conhece a fundo o bairro em que reside? Que histórias podem ser conhecidas e contadas depois que se dobra a esquina? Já parou para observar a arquitetura das casas, a paisagem ao redor, e se perguntar como aconteceu a urbanização da sua localidade? Com o propósito de estimular reflexões sobre a diversidade da Pampulha, convidamos seus moradores a produzir um registro fotográfico da arquitetura residencial da região, formada por 58 bairros em um raio de 47 quilômetros quadrados.
As 49 imagens resultantes desta expedição sugerem quatro caminhos do olhar: o estético, o histórico, o social e o afetivo.
Caminhos que se entrelaçam e produzem uma cartografia coletiva. Um mapa que reafirma raízes e aponta novos trajetos para uma Pampulha diversa.
A estética modernista e a atmosfera interiorana sobressaíram ao olhar dos nossos expedicionários e produziram sentimentos e sentidos diversos. O vazio presente nas linhas arquitetônicas de grandes e pequenas residências é um convite à contemplação, assim como os cobogós, azulejos e as pedras que espalham cores e texturas pelas fachadas.
Outros trajetos encontram testemunhas do tempo, como a coruja esculpida, que do jardim espia pacientemente quem passa por ali, ou a pequena casa, entalhada na árvore de um quintal, à espera de um habitante. A convivência entre o moderno e o rural se confirma pela exuberância de flores, folhagens, jardins e árvores, que acolhem a todos que estão sob seu perímetro. O movimento das folhas e o sussurrar do vento mantêm o clima bucólico.
Reflexões sobre as histórias do bairro estão em todos os trabalhos. As fachadas e o paisagismo que emolduram as residências escondem mistérios que aguçam a imaginação dos exploradores. Algumas construções resistem, e em seu crepúsculo trazem as cicatrizes de sua existência.
Há as casas que nasceram predestinadas a cumprir a função social de abrigar grupos que se inseriram oficialmente na dinâmica da ocupação da região. E há as casas em permanente construção, na esperança de que seus moradores possam, um dia, se integrar plenamente à vida do bairro. Uma rua aberta e um endereço confirmado, neste contexto, representam um imenso passo em direção à cidadania.
Alguns expedicionários nos levaram, literalmente, para dentro de suas memórias afetivas. Lembranças que passeiam pela convivência com os antepassados, os marcos da infância, a relação com o bairro, as angústias e a busca pelo aconchego. A sensação de pertencimento resulta na expectativa da transmissão do legado às próximas gerações. Esta Pampulha pode ser resumida em três palavras: saudade, acolhimento e esperança.
Escolha o seu percurso e aproveite a mostra!
O projeto "Expedição Casas da Pampulha" foi realizado no ano de 2021, em parceria com o projeto Quanto Tempo Dura um Bairro, e integra a programação cultural do Museu Casa Kubitschek, dentro do Pampulha Território Museus. Inaugurado em 2013, o Museu Casa Kubitschek oferece ao público experiências reflexivas e sensíveis no campo do paisagismo, da arquitetura residencial, dos modos de morar e da história da Pampulha, por meio da realização das ações de aquisição, conservação, investigação e difusão de acervos referenciados no movimento modernista e na ocupação da região da Pampulha.