Mesa DESAPROPRIANDO A LITERATURA CHILENA, RECONSTRUINDO IMAGENS DE ESCRITORES
com Clarice Filgueiras e Sara Rojo. Mediação: Bernardo Serino
Galpão 2
ESTA ATIVIDADE É UMA PARCERIA COM A MOLLA - MOSTRA DE LIVRO LATINO-AMERICANO
Após o golpe militar de 1973, a ditadura chilena tornou a figura da educadora, poeta e diplomata Gabriela Mistral sinônimo da vida intelectual e literária naquele país, construindo uma aura que mistura cristianismo, maternidade e espírito nacional. Seu rosto foi usado na nota de 5 mil pesos, a partir de 1981, coincidindo com a consolidação do neoliberalismo. A leitura de Mistral imposta pelo currículo escolar e pelos estudos da época concorreu para uma visão despolitizada de sua figura e obra. A autora, em vida, defendia a reforma agrária, o voto feminino, o antifascismo e a educação pública. No século XXI, vê-se um movimento de desconstrução disso, tanto na crítica quanto na recepção de seus textos, algo bastante evidente nos protestos de outubro de 2019, nos quais os manifestantes usavam o mesmo retrato impresso na cédula de 5 mil, agora para a reivindicação de direitos indígenas, aborto legal e por uma nova Constituição. A proposta desta mesa é debater a desapropriação da imagem de escritores para outras construções, tanto na literatura quanto em outras manifestações artísticas, como graffitis, lambes, performances, cinema e teatro.

Bernardo Serino é estudante de Psicologia, membro do coletivo Travessias - formação em psicanálise e integrante do grupo de pesquisa CNPq – Psicologia Social, Trabalho e Processos Psicossociais, coordenado pela professora Betânia Diniz Gonçalves. Atua como livreiro na Livraria Quixote em Belo Horizonte.

Clarice Filgueiras, chilena radicada no Brasil, é professora e tradutora de espanhol. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da UFMG e pesquisadora do Escape - Núcleo de Pesquisa sobre Poesia Experimental, Performance e Artes do Corpo, vinculado ao CNPQ e à Faculdade de Letras da UFMG. Estuda a obra do performer e escritor chileno Pedro Lemebel e as manifestações artísticas presentes no estallido social chileno de 2019.

Sara Rojo é professora, pesquisadora e diretora de teatro. É doutora em Literaturas Hispânicas pela State University of New York. Publicou, entre outros, os livros Um percurso pelas imagens de Neruda no cinema e no teatro (Javali, 2021) e Teatro latino-americano em diálogo: produção e visibilidade (Javali, 2016). É professora titular da Universidade Federal de Minas Gerais, com atuação na área de estudos latino-americanos e ênfase em crítica e direção teatral. É fundadora dos grupos de teatro Mayombe e Mulheres Míticas, e diretora de teatro desde os anos 1980, quando começou a dirigir grupos de teatro de camponeses de mulheres e jovens no Chile.