O Conjunto Moderno da Pampulha foi concebido como um complexo turístico e de lazer. A oferta de espaços de uso público atendia a uma demanda da cidade nos anos 1940. O Conjunto foi concebido de forma a gerar uma “obra de arte total”, integrando as obras de arte aos edifícios e estes à paisagem, uma vez que foram planejados de forma simultânea e integradamente.
Por sua forma, implantação e tratamento paisagístico, o grande espelho d’água e a orla da lagoa da Pampulha funcionam como elementos articuladores dos edifícios, reforçando as relações visuais. Embora cada edifício do Conjunto, em si, já apresenta atributos especiais que lhe confira um lugar especial na historiografia da arquitetura moderna, a sua reunião em um cenário coeso e de forte identidade potencializa as qualidades individuais e faz com que sua força criativa e cênica seja ainda mais perceptível.
As obras de arte que fazem parte do Conjunto se apresentam, em sua maioria, como elementos indissociáveis dos edifícios, integrando-se a eles e sendo, inclusive, responsáveis pela sua expressão plena. São especialmente três as vertentes de obras de arte integradas: as esculturas espalhadas pelos jardins, os murais com a expressão moderna de Cândido Portinari em composição harmônica com os edifícios, e a azulejaria, responsável pela leveza visual dos elementos de vedação e pela ligação com a tradição brasileira.
O paisagismo inovador proposto por Burle Marx baseia-se no tratamento naturalista, com rica e harmônica riqueza cromática, recriando plasticamente a natureza e utilizando espécimes da flora, as quais mesmo não sendo estritamente nativas do local, são representativas da riqueza vegetal brasileira. As curvas características das composições dos canteiros parecem reproduzir aquelas dos edifícios, aqui na expressividade própria dos elementos naturais. Burle Marx se notabiliza, ainda, pelo intenso diálogo promovido entre os edifícios e a vegetação, entre o volume construído e a “volumetria paisagística”, marcados pela utilização de espécies da flora regional, com preferência por plantas de baixo porte, a fim de destacar cada edifício.
Para Lucio Costa, a Pampulha foi um marco divisor de um “rumo diferente” que teria inaugurado uma “nova era” na arquitetura moderna (apud SEGAWA, 1998, p. 96). De fato, o Conjunto Moderno da Pampulha tem caráter seminal por tornar conhecida a arquitetura moderna brasileira no mundo e influenciar outras produções a partir de sua repercussão – como é o caso, por exemplo, a construção de Brasília, no final da década de 1950.