4 curiosidades que tornam a história do Conjunto Moderno da Pampulha ainda mais especial
Muita gente já sabe que o Conjunto Moderno da Pampulha foi reconhecido, em 2016, como Patrimônio Mundial, sendo o primeiro bem cultural da história a receber o título de Paisagem Cultural do Patrimônio Moderno pela UNESCO. Mas além de ser essa região conhecida em todo o mundo por sua arquitetura e paisagismo, a Pampulha também guarda curiosidades que podem surpreender turistas e até moradores acostumados a passar pelo local. Nesse texto, vamos conhecer algumas delas!
Origem do nome
Já parou para pensar qual a origem do nome Pampulha? A palavra em si vem do Latim Pampanus, que dá nome à haste da videira coberta de flores e frutos. O diminutivo da palavra teria gerado a grafia Pampulha.
Mas o batismo da região belo-horizontina tem herança portuguesa. É que a capital de Portugal, Lisboa, já teve um bairro com o mesmo nome, provavelmente por ter suas ruas tomadas pelas flores citadas. Hoje, o bairro já não existe pelas bandas de lá, mas o nome persiste em uma famosa rua, a Calçada da Pampulha.
O nome veio parar aqui em Belo Horizonte depois da divisão do grande Latifúndio de Bento Pires, que deu origem a várias fazendas, nos anos de 1900. Uma delas, justamente no local que recebeu as águas represadas da lagoa, tinha proprietários lisboetas, que deram às suas terras o nome Pampulha, em homenagem ao bairro de sua cidade natal. De lá para cá, muita coisa mudou na região, mas o nome perdura.
A Lagoa da Pampulha e sua fauna
Apesar de ser o grande idealizador do Complexo da Pampulha, não foi Juscelino Kubitschek o responsável pela criação da Lagoa. O projeto é do prefeito Otacílio Negrão de Lima que, em 1936, iniciou o represamento do Ribeirão Pampulha para prevenir enchentes e melhorar o abastecimento da capital. A obra, no entanto, foi concluída na gestão de JK, em 1943.
Além de ser um espaço de contemplação que une as famosas obras de Oscar Niemeyer, a Lagoa da Pampulha tem moradores ilustres. Os mais conhecidos deles são as capivaras. Ninguém sabe ao certo como elas foram parar por ali, mas hoje a área é habitada por quase uma centena delas. Em 2018, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) providenciou o manejo dos roedores, que foram esterilizados, identificados com chips, receberam carrapaticidas, passaram por uma série de exames e foram soltos novamente onde já viviam.
Já a presença de jacarés é quase uma lenda da lagoa. Muitos acham que o local é casa de apenas um desses répteis, que engorda a cada ano e vive uma vida tranquila. Fato é que o famoso jacaré da Pampulha tem “família”. Em 2019, um mapeamento da PBH identificou 16 desses animais no local.
Igrejinha da Pampulha
A Igreja de São Francisco de Assis, ou Igrejinha da Pampulha, é conhecida pelas suas curvas e tons de azul e já virou um dos cartões postais mais famosos de Belo Horizonte. Mas essa popularidade só veio com o tempo, já que, quando foi inaugurada, não agradou boa parte dos moradores de Belo Horizonte.
Além de ter sido projetada por um arquiteto declaradamente comunista, Oscar Niemeyer, a edificação tem formas nada convencionais - ou melhor, não parecia com nenhuma igreja já vista nas tradicionais Minas Gerais. Outro motivo de choque para a época foi a imagem de São Francisco de Assis, pintada no altar por Cândido Portinari: mostra um santo magro acompanhado por um cão “vira-lata”, ao invés do tradicional lobo.
Toda essa modernidade deu o que falar e a igreja só foi consagrada pela Arquidiocese de Belo Horizonte cerca de 15 anos depois, em 1959, quando o então papa João XXIII manifestou interesse em expor a Via Sacra de Portinari no Vaticano. Essa polêmica ficou mesmo no passado: em 4/10/2021, a Igreja foi elevada a Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis.
Trave do Mineirão
O Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, é um dos ícones da Pampulha e recebeu dezenas de jogos históricos. Um dos mais penosos para os brasileiros foi a goleada infligida pela Alemanha na nossa seleção, na semifinal da Copa do Mundo de 2014. Mas aquele fatídico 7 x 1 não gerou só amargor para nosso país. Uma parceria entre o Mineirão, o consulado da Alemanha no Brasil e a ONG alemã Dahw, transformou essa triste história em ação social.
Em 2018, uma das traves daquele fatídico 8 de julho (a que levou 5, dos 7 gols alemães) foi doada ao Museu do Futebol Alemão, em Dortmund. Já a rede, por sua vez, foi repartida em 8150 pedaços, leiloados pelo valor mínimo de R$71 euros (que faz referência ao placar do jogo). As doações arrecadadas foram destinadas a instituições sociais brasileiras.
Extra: muitas são as histórias sobre o Complexo da Pampulha, mas uma delas chama a atenção, por ser protagonizada pelo arquiteto que projetou os traços dessa querida região de Belo Horizonte. Oscar Niemeyer visitou a Casa do Baile em 2003, logo após a sua reabertura como Museu. Lá, deixou desenhos e reflexões, registrados em um painel localizado no auditório. A frase mais famosa foi: “Pampulha foi o início de Brasília. Os mesmo problemas, a mesma correria, o mesmo entusiasmo. E seu êxito fluiu, com certeza, na determinação com que JK construía Nova Capital”. A mais inusitada: “Todos contra Bush”.