Pampulha

Pampulha - Patrimônio Cultural da Humanidade

O espelho-d ‘água e o entorno da Lagoa da Pampulha oferecem, em seus 18 km de extensão, uma combinação que só existe aqui: a contemplação de obras inseridas na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade e a oportunidade de prática de esportes ao ar livre — dos mais tradicionais, como a bicicleta e a corrida, aos menos comuns, como o slackline.
A região conta com pistas para corrida e caminhada; ciclovia e uma combinação de estrutura + cenário que a credenciam para eventos esportivos de nível internacional, como a Volta Internacional da Pampulha. No entorno há pontos de locação de bicicletas e triciclos, ideais para famílias, além de um simpático e tradicional parque de diversões, com uma vista imperdível da roda-gigante, a segunda maior do país. Existem dezenas de capivaras na lagoa com origem desconhecida; assim como os mais de 20 jacarés catalogados em suas águas. Pacíficos (o que não significa que se deve brincar com o perigo), eles podem ter vindo do rio São Francisco, introduzidos na lagoa por pescadores locais, há várias décadas. Pouca gente sabe disso, mas a ideia de criação da lagoa artificial não foi de Juscelino Kubitschek.
Em 1936, o prefeito de Belo Horizonte, Otacílio Negrão de Lima, iniciou o represamento do ribeirão Pampulha para amenizar enchentes e contribuir para o abastecimento da capital. A obra só foi concluída em 1943, já na gestão de JK, que viu ali uma oportunidade de ampliar o desenvolvimento da capital. Com o talento de Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx e outros expoentes da época, foi criado o complexo arquitetônico: Igreja de São Francisco de Assis, Museu de Arte da Pampulha (inicialmente idealizado para abrigar um cassino), Casa do Baile, Casa Kubitschek e Iate Tênis Clube. O conjunto foi construído entre 1942 e 1944 e ganhou, ao longo dos anos, a companhia de outros atrativos que compõem uma imensa estrutura de lazer, como o estádio Mineirão, o ginásio Mineirinho, o Zoológico de Belo Horizonte, diversas novas regiões gastronômicas e tradicionais restaurantes com clima de fazenda e deliciosas receitas típicas mineiras. Vamos saber mais sobre cada uma delas a seguir.

CASA DO BAILE

Facha Externa Casa do Baile
Foto: Ricardo Laf/Acervo FMC

Imagine dançar com alguém muito especial diante de um espelho-d’água brilhante, pássaros graciosos e tendo as curvas de Niemeyer como uma moldura rebelde? Esse era o propósito original da Casa do Baile, projetada, nos anos 1940, para ser um restaurante dançante, de uso mais popular.
Atualmente, é um Centro de Arquitetura e Urbanismo, abriga filmes sobre a construção do Conjunto Arquitetônico da Pampulha e mantém uma rica programação de exposições culturais, que integra inclusive o Noturno nos Museus de Belo Horizonte, evento que estende o horário de funcionamento dos museus da cidade, dando ao público a oportunidade de visitar as instituições em horários alternativos, inclusive com transporte gratuito.
Além disso, seu espaço interno guarda um painel com desenhos feitos pelo próprio Oscar Niemeyer na parede que faz divisa com o pequeno auditório.
Dica: não deixe de ler as frases escritas por ele no canto inferior direito do painel. Sobre o baile propriamente dito, lá vai outra dica: com música baixinha ao pé do ouvido, tudo é possível.

 

IATE TÊNIS CLUBE

Iate Tênis Clube fachada externa
Foto: Vitor Campos Maia/Acervo MTur

Quando somos crianças e aprendemos a desenhar uma casa, fazemos o telhado em forma de um triângulo, certo? Pois essa lógica é invertida no Iate Tênis Clube, cujas águas ou vertentes do telhado se inclinam em sentido contrário ao tradicional. Essa nova bossa se tornou moda em Belo Horizonte e passou a caracterizar as construções mineiras e brasileiras do período.
Projetado por Oscar Niemeyer, com jardins de Burle Marx e obras de Cândido Portinari, o antigo Iate Golfe Clube tem a forma de um barco ancorado, visão que fica melhor do Museu de Arte de Pampulha (MAP), localizado do outro lado do espelho-d’água, na Av. Otacílio Negrão de Lima. No interior do clube, dá para ver o mastro da embarcação e a caldeira. Dentre as obras conservadas pelo Clube, estão O Esporte, de Burle Marx; e Suicídio da Consciência, também conhecida como Espantalho, de Candido Portinari.
Outras informações: O Iate Tênis Clube oferece o serviço de visitas gratuitas guiadas ao Salão Portinari da entidade. Não é necessário agendamento prévio: basta comparecer à secretaria do clube portando documento de identidade.

 

IGREJA SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Externa Igreja São Francisco de Assis
Foto: Glenio Campregher/Acervo FMC

A “Igrejinha da Pampulha”, como é conhecida, foi a última construção do projeto elaborado por Niemeyer a ser erguida no complexo. Na época, em 1943, o visual moderno causou impacto na tradicional sociedade, que não compreendeu o prédio como um templo religioso. A Igreja Católica se recusou a reconhecer o local como um santuário religioso. Mesmo com os 14 painéis da Via Sacra de Cândido Portinari, os católicos não identificavam figuras sagradas o suficiente no local.
“Para um templo, aquilo não fica bem. Não podemos desvirtuar a obra do Senhor nem a igreja é lugar para experiências materialistas, embora artísticas”, disse, em 1945, o então arcebispo de Belo Horizonte, Dom Antônio dos Santos Cabral.
A fachada posterior é toda revestida por azulejos também pintados por Portinari, representando são Francisco de Assis, o santo protetor dos animais. Há boatos de que a igrejinha poderia ser até demolida logo após a construção ou usada como museu de arte moderna por ser considerada uma blasfêmia à religião e não parecer “em nada” com as igrejas tradicionais. Na parte interna, outra polêmica envolveu o cachorro que Portinari incluiu ao lado de São Francisco, também não aceito pelo arcebispo dentro de um tempo religioso. Somente em 1958, a igreja foi entregue ao culto religioso católico, e a primeira missa foi celebrada em 1959. Observe na parte externa os jardins de Burle Marx e as pastilhas de Luiz Pedrosa. Na parte interna, destacam-se ainda os baixos-relevos em bronze do batistério, do escultor Alfredo Ceschiatti, além do trabalho de Portinari.

 

MUSEU CASA KUBITSCHEK

Fachada Casa Kubitscheck
Foto: Luciano Coutinho/Acervo FMC

Em diversas cidades do mundo, museus apresentam mais do que obras e objetos: apresentam modos de viver. A casa projetada, em 1943, para ser residência de fim de semana do então prefeito Juscelino Kubitschek cumpre esse papel no Conjunto Arquitetônico. O telhado em asa de borboleta, seguindo o mesmo estilo do Iate Tênis Clube, e a organização dos espaços revelam os traços da arquitetura moderna de Oscar Niemeyer. Os detalhes da decoração são incrementados pelos painéis de Alfredo Volpi e Paulo Werneck. Ao visitar a Casa Kubitschek, você terá uma experiência singular em relação aos modos de habitar dos anos 1940, 1950 e 1960, período crítico para consolidação do pensamento modernista e suas manifestações na arquitetura, no urbanismo, no paisagismo e nas artes.

 

MUSEU DE ARTE DA PAMPULHA – MAP

Fachada Museu de Arte da Pampulha
Foto: Ricardo Laf/Acervo FMC

Antigo Cassino da Pampulha, fundado em 1942, foi o primeiro projeto elaborado por Niemeyer para integrar o Complexo da Pampulha. Tão logo foi inaugurado, o primeiro cassino da cidade passou a atrair jogadores de todo o Brasil e shows internacionais, transformando a vida noturna da capital. Em 1946, o jogo foi proibido e o chamado Palácio de Cristal, por causa dos espelhos de cristal que revestem a parede do edifício, tornou-se museu em 1957. O MAP abriga um teatro, com pista de vidro iluminada para dança, novidade na época. Um efeito acústico provoca um eco, ouvido apenas por quem está dentro da pista de dança.
O primeiro e o segundo andares são dedicados a exposições culturais periódicas. O local apresenta uma composição de espaços livres e cenográficos, com o uso de perspectivas nas paredes espelhadas e um original jogo de curvas e rampas. Não deixe de caminhar pelos jardins de Burle Marx e conhecer as esculturas de Ceschiatti, Zamoiski e José Pedrosa. O teatro em extensa programação musical ao longo do ano e oferece uma experiência diferente para quem gosta de música.

 

MINEIRÃO, MUSEU BRASILEIRO DE FUTEBOL E ESPLANADA

Aérea do Mineirão
Foto: I7/Acervo Minas Arena

Ainda que você não goste de futebol, sabe que o “meio-campo é o lugar dos craques”, graças à música “É uma partida de futebol”, do Skank, cujo clipe foi gravado no Mineirão. E mesmo que você não acompanhe o noticiário, talvez se lembre de que, em 8 de julho de 2014, a Alemanha goleou o Brasil por 7 a 1, na semifinal da Copa do Mundo.
Um estádio de futebol é mesmo um lugar de extremos, alegrias e tristezas que nem sempre são vinculadas ao futebol — pode ser uma homenagem ao ídolo eterno Ayrton Senna ou ao presidente Tancredo Neves, ou ainda um grande show do Kiss, Paul McCartney, Beyoncé ou Elton John, mas sempre são marcantes. Com mais de 50 anos, o estádio Governador Magalhães Pinto, nosso Mineirão, passou por grandes reformas e viu times monumentais. Presenciou vitórias sem precedentes e humilhações inacreditáveis.
Aberto ao público em 2013, o Museu Brasileiro do Futebol (MBF) se apresentou como uma nova opção de cultura, entretenimento e lazer em Belo Horizonte. Sediado no Mineirão, o MBF pretende expor, pesquisar e preservar artefatos materiais e imateriais do futebol brasileiro, propiciando aos seus visitantes uma imersão ao universo do futebol.
Curiosidades à parte, hoje o Mineirão é uma Arena Multiuso, com padrão internacional e capacidade para 62 mil torcedores. Palco de jogos da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014™ e dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o estádio oferece tour às áreas de competição e um museu destinado ao futebol.
Outra forma de aproveitar o local é a Esplanada e toda sua estrutura dedicada ao lazer e à prática de esportes radicais, como skate, patins, e carrinho de rolimã. Corridas, caminhadas, passeios com animais de estimação e aulas de academias da cidade também são algumas atividades frequentes na Esplanada. Com 80 mil m², a Esplanada é um dos pontos de encontro preferidos dos praticantes de esportes em Belo Horizonte.
Além da vista privilegiada para a Lagoa da Pampulha, principal cartão-postal da cidade, e para o estádio, a Esplanada dispõe de segurança, lanchonetes, banheiros, loja de artigos esportivos e também uma locadora de bicicletas. Funciona diariamente, das 7h às 22h, podendo ocorrer alteração em dias de jogos e eventos. O acesso do público é feito pelas entradas Norte e Sul por meio de escadarias e rampas suaves.Visitar esse espaço é uma maneira de percorrer a história do esporte e vivenciar experiências que só uma grande arena pode proporcionar.

 

PARQUE ECOLÓGICO DA PAMPULHA

Parque Ecológico da Pampulha
Foto: Click Estúdio Profissional/Acervo Belotur

O Parque Ecológico Francisco Lins do Rego, conhecido como Parque Ecológico da Pampulha, foi inaugurado em 21 de maio de 2004, resultado de uma história de recuperação ambiental na Ilha da Ressaca, formada pelo acúmulo de resíduos sedimentares depositados ao longo dos anos na Lagoa da Pampulha.
Com 30 hectares de áreas verdes, aqui é permitido pisar a grama, fazer piquenique, descansar e levar crianças para correr, soltar pipa (apenas as de papel) ou andar de bicicleta. No total, ocupa uma área de 300 mil metros quadrados e é dividido em áreas: visitação pública, passeios monitorados de pesquisadores e restrita, com plantas representativas da Mata Atlântica, do Cerrado e da Floresta Amazônica.
Considerado patrimônio de Belo Horizonte, o espaço recebe cerca de 5.000 pessoas aos fins de semana e abriga ainda o Memorial Minas- Japão, em 2009, em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa ao Brasil.
Com arquitetura assinada por Gustavo Penna, Mariza Machado Coelho, Álvaro Hardy, Alexandre Bragança, Alessandra Rodrigues, Ana Rita de Barros, Bruno Santa Cecília, Celina Borges Lemos, Fernando Maculan, Laura Penna, Norberto Bambozzi, Pedro Morais e Roberta Vasconcelos, suas características, pouco comuns no Brasil, oferecem uma integração direta do bicho urbano com o meio ambiente.


JARDIM ZOOLÓGICO, AQUÁRIO DO RIO SÃO FRANCISCO, BORBOLETÁRIO PÚBLICO E JARDIM BOTÂNICO

Hipopótamos
Foto: Daniel Alves/Acervo PBH

Classificado pelo Ibama na “Categoria A” dos “jardins zoológicos públicos”, pois mantém elevados de qualidade técnica, de infraestrutura e de relevância de seus programas de pesquisa científica e conservação da fauna, o Zoo de Belo Horizonte é um importante espaço de lazer e principalmente de educação ambiental para visitantes de Belo Horizonte e de outras cidades do país. Em uma área total de 1,4 milhão de m², abriga cerca de 3.000 animais e 250 espécies.
Já o Jardim Botânico de Belo Horizonte expõe mais de 1.000 espécies de plantas em sete jardins temáticos, cinco estufas e um lago, ocupando uma área de cerca de 100 mil m² e tem como prioridades o estudo e a realização de ações voltadas para a conservação da flora regional, com destaque para espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção.
Entre as atrações, estão o primeiro borboletário público da América do Sul e o Aquário do Rio São Francisco. O aquário tem cerca de 3.000 metros quadrados e é o primeiro a retratar exclusivamente a vida na Bacia do São Francisco, com 1.200 peixes de 50 espécies, 22 tanques nos dois pavimentos com 1 milhão de litros de água, espécies como pirambeba, piau-três-pintas, mandi prata, cascudo e surubim. 

 

PARQUE GUANABARA

Parque Guanabara
Foto: Acervo Parque Guanabara

O Parque Guanabara está em uma posição privilegiada, às margens de um dos pontos turísticos mais populares da capital, em frente a Igreja de São Francisco de Assis, uma dentre tantas atrações do conjunto Arquitetônico da Pampulha.