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Exposição: O Fio da Voz

Descrição

Olhos aquáticos Correm rios entre mulheres Pelo brilho dos olhos que elas Passaram a atingir O caminho mais fértil Contra a aridez e a secura No segmento final, a voz.

Esse poema escrito por mim há alguns anos, que pronuncia de maneira sintética, o profundo e intenso processo de descoberta e de plena apropriação da própria voz que nós mulheres temos vivido, foi o catalisador do projeto O FIO DA VOZ.

O desenvolvimento do projeto se constituiu em encontros mensais ao longo do ano, entre sete artistas com distintos modos de produção artística e vivências, para partilha de conhecimentos teóricos e práticos, afetos e singularidades.

E é no entendimento da nossa singularidade, mesmo quando unidas, que a presente exposição, de mesmo nome, propõe criar uma trama bem urdida entre sete maneiras distintas de costurar, bordar, pintar, desenhar, manipular, esculpir, construir e ressignificar a linha e a matéria têxtil.

Cada artista elabora suas obras com os fios da memória trazidos pelas avós, mães, tias e outras mulheres, entrelaçando-os com suas próprias vivências e pesquisas.

Entendemos que ao ser expresso plástica e criticamente, e, portanto, liberto de sua condição, inicialmente, estritamente doméstica, o ato de costurar e bordar desconstrói um lugar simbólico de sujeição aos ditames do patriarcado para um ideal feminimo, lugar esse que durante muito tempo sequestrou nossa própria voz.

Além das obras individuais, onde cada artista expõe alguns resultados de suas pesquisas, é apresentada a obra coletiva CONVERSA FIADA que foi construída ao longo dos nossos encontros mensais.

Partindo de um centro individualizado, percorremos mais três etapas em sua feitura. Inicialmente, trabalhamos em duplas, para, posteriormente, trabalharmos em dois grupos com quatro artistas cada e, finalmente, produzimos o círculo externo dessa obra com a participação de todas.

Tal como descrito no poema acima, o brilho em nossos olhos é produto de nossa consciência desperta e em ressonância com a consciência de outras mulheres que também tecem o próprio fio.

Somos mulheres em quem o brilho dos olhos – conquistados por mantermos os pés na terra e mirarmos sem distinção, tanto o sol quanto a lua – escorre de nós para o mundo, convertendo-se nos rios que nos igualam em sua fluidez e possibilidades aquáticas de fecundidade e expansão. Mulheres distintas, porém participantes das mesmas águas. Lívia Limp

Localização
Galeria de Arte do Centro Cultural Sesiminas BH - Rua Padre Marinho, 60 – Bairro Santa Efigênia
Centro-Sul
Horários
a
a
Entrada
Gratuito
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