Jardim de Cabeças – Esculturas de Mestre Thibau
A exposição permanente a céu aberto “Jardim de Cabeças”, do artista popular Mestre Thibau, é um marco das artes visuais em Belo Horizonte. A obra homenageia a memória do escultor Mestre Orlando, que faleceu no final de 2003, e foi criada a partir de troncos de eucaliptos derrubados pelas tempestades que devastaram o Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado. Ela transforma a dor da perda e da destruição em força criativa e beleza coletiva.
Instalada ao longo de uma alameda do parque, a intervenção reúne 23 esculturas de madeira entalhada que retratam personagens do cotidiano das vilas e aglomerados de Belo Horizonte. Com traços marcadamente negros, as figuras humanas entrelaçadas por casarios e favelas, remetem a uma estética popular, muitas vezes chamada de “naif”, conectada às vivências urbanas e à ancestralidade afro-brasileira.
Mais do que uma intervenção plástica, o Jardim de Cabeças representa um gesto de resistência e afirmação da arte feita nas margens. A ideia nasceu em 2004 como proposta do próprio Thibau — amigo e admirador do legado de Mestre Orlando — para recuperar visualmente a área do parque, ainda abalada pela tempestade e pela ausência do artista. A proposta, abraçada pela comunidade e pelo então Centro Cultural Lagoa do Nado, hoje Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional (CRCP), deu origem a uma das mais expressivas obras de arte popular da cidade.
O Jardim de Cabeças é, portanto, mais que uma exposição. É um espaço de memória, um território de afeto e uma prova de que a arte popular — nascida da madeira, da rua, da vivência — tem poder de transformar o espaço e tocar quem por ele passa.