O Complexo Cultural Funarte MG recebe no dia 14 de junho, sexta-feira, a peça “Top Summer Hits”, do “Nós três Grupo de Teatro”, integrada pelos atores Bruna Félix, Dhan Lopes e Lucas Lopes Valadares.
A montagem apresenta ao público a relação de três amigos que vão morar juntos, muitos segredos e a vivência da sexualidade no fim dos anos 1990.
A apresentação, acessível em libras, acontece na sexta, às 20h, apenas para 24 pessoas e os ingressos serão distribuídos 1 hora antes do espetáculo.
O projeto contemplado no Programa Funarte Aberta 2023 – Ocupação dos Espaços Culturais da Funarte MG, tem dramaturgia e direção de Vinícius de Souza.
O grupo nasceu do desejo de levar para o palco questões em comum que atravessam cada um dos integrantes, e nesse primeiro momento se debruçaram sobre as narrativas LGBTs. “Fomos entendendo como gostaríamos de abordar o tema.
Não queríamos algo panfletário, e aí entrou a ficção, onde os assuntos são colocados de forma indireta na vida de cada personagem.
Chegamos em um formato mais minimalista, como se o espectador estivesse olhando pela janela da casa”, comenta o ator Dhan Lopes. Ambientada no ano de 1999, o espetáculo traz os personagens Luis Antônio, Eltin e Vana, que se mudam do interior de Minas Gerais e vão morar juntos em um barracão no subúrbio de Belo Horizonte.
Devendo cinco meses de aluguel, eles começam a vender CD’s piratas para pagar as contas.
Por trás disso, a obra fala de como era vivida a homossexualidade no final dos anos 1990, principalmente a parte que precisava viver secretamente as suas experiências. “São três personagens LGBTs que moram juntos, e não falam disso.
Tudo começa a aparecer nas entrelinhas, e por uma série de fatores eles são obrigados a quebrar com o silêncio.
A peça se passa em uma época que a gente não ouvia o discurso da empatia, do acolhimento e o ‘ninguém solta a mão de ninguém’. Era o contrário, cada um por si, no seu universo”, elucida o diretor Vinícius de Souza.
Em um tempo em que o entorno da sexualidade estava cheio de tabus, repressões e opressões, o público vai acompanhar como esses personagens estão vivendo não só suas relações homoafetivas, mas também sua expressão homossexual. “É como se a gente pudesse refletir sobre como é a vivência homossexual no Brasil de hoje, em 2024, sob a luz do que foi no fim dos anos 1990.
Para uma geração que está vivendo a Pabllo Vittar, é como se fosse um modo de nos relembrar como foi a vivência dessas pessoas há 25 anos”, reflete o dramaturgo, que se inspirou no que percebia ao seu redor na época, e em familiares. “De certa forma esse é o universo da minha adolescência, do que eu tenho na memória da vivência de alguns parentes. Sempre tinha a história do amigo, então quando eu era criança eles estavam vivendo tudo meio escondido.
É uma peça cheia de segredos”, reflete Vinícius de Souza.