Escondido pela forte luminosidade emitida por postes, holofotes, faróis, painéis e lâmpadas que permeiam os meios urbanos, um verdadeiro espetáculo da natureza se perde nas noites das nossas cidades e metrópoles. Galáxias, aglomerados, nebulosas, estrelas e a própria Via Láctea têm sua visibilidade afetada pelas milhares de luzes artificiais que iluminam o céu, impossibilitando o contraste necessário para que estes objetos celestes de brilho difuso possam se destacar na paisagem noturna.
Segundo o estudo publicado em 2023 pela Globe at Night, um programa de ciência cidadã da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, em todos os anos, há um aumento da luminosidade no céu de cerca de 9,6%, ocasionado pela iluminação artificial das cidades. Com o crescimento populacional, as novas tecnologias e a expansão dos municípios, o número de lugares onde se é possível presenciar um céu verdadeiramente escuro diminui em um ritmo acelerado, o que tem efeito direto sobre as formas de vida na Terra.
Com o intuito de destacar os objetos celestes e sua visualização no céu como uma importante herança cultural da história humana, bem como compartilhar os efeitos da poluição luminosa na astronomia, a sessão “Perdendo o Céu Escuro” chega à programação do Planetário do Espaço do Conhecimento.
De acordo com Nathalia Fonseca, assessora do núcleo de astronomia do museu, a sessão “busca conscientizar as pessoas sobre o impacto da poluição luminosa não só na visualização dos objetos celestes, mas também sobre as formas de vida na Terra.” Para a doutora em física, “estamos tão imersos na vida urbana e acostumados a realizar diversas tarefas durante a noite com a iluminação artificial que não nos damos conta que isso afeta diversos aspectos da nossa vida.”
Em uma experiência imersiva nesta sessão comentada pela equipe do Núcleo de Astronomia do museu, a partir de janeiro de 2024, às terças e sextas-feiras sempre às 16h, os visitantes poderão tirar suas dúvidas e se encantar com corpos celestes passíveis de identificação apenas em locais de baixa iluminação artificial. Alguns deles, como Via Láctea, Grande Nuvem de Magalhães e Plêiades, são Objetos de Céu Profundo que compõem o Calendário Astronômico 2023-2024, produção inédita do museu, e podem ser explorados pelo público em seus aparelhos eletrônicos.