De 21 a 30 de novembro, Belo Horizonte recebe a estreia do espetáculo Ligação Perdida, uma criação de Cíntia Badaró e Vinicius Alves, que convida o público a vivenciar uma experiência teatral totalmente imersiva por meio do som. A temporada começa com apresentações na Funarte MG (21 a 25/11) e encerra na ZAP 18 (29 e 30/11).
Em cena, a atriz Cíntia Badaró dá corpo e voz a Maria da Luz, mulher internada em um hospital psiquiátrico que se torna refém de um sistema de violência e silenciamento. Ao seu redor, o público é envolvido por uma instalação sonora esférica imersiva com 35 canais, que recria ambientes, vozes e paisagens através do som. A plateia se posiciona em formato circular – uma mandala inspirada nas pesquisas de Nise da Silveira sobre as imagens do inconsciente – e passa a integrar o espaço do delírio e da lembrança de Maria, em uma travessia entre realidade e ficção, sanidade e loucura.
Com dramaturgia e orientação cênica de Raquel Castro, o espetáculo se estrutura como um thriller psicológico com tintas de documentário e poesia sonora, evocando a atmosfera de instituições como o Hospital Colônia de Barbacena. A experiência combina teatro, cinema e tecnologia, articulando trilha e dramaturgia sonora criadas por Vinicius Alves, pesquisador de tecnologias imersivas e artista sonoro com mais de 15 anos de atuação em montagens nacionais e internacionais.
A temporada marca a transição do projeto Ligação Perdida – Experiência Audiodramática (lançado em 2022) para o formato presencial, expandindo a pesquisa sobre narrativas imersivas e interativas. O público agora entra fisicamente na cena — sentindo o som, o espaço e o corpo vibrar. A peça propõe uma experiência estética singular — onde o teatro se reinventa em diálogo com o som e o espaço, conduzindo o espectador por um percurso sensorial que transforma a escuta em ato de presença. A trilha musical do espetáculo é formada por canções da discografia de Milton Nascimento.
Ligação Perdida ganha vida a partir das vozes das atrizes e atores Danielle Sendin, Diogo Horta, Eberth Guimarães, Gláucia Vandeveld, Isabela Arvelos, Natália Moreira, Raquel Castro e Vinicius Alves. Cada interpretação registrada em áudio se torna uma peça essencial desse grande quebra-cabeça afetivo, conduzindo o público por memórias, pensamentos e estados de alma.
Com preparação vocal de Isabela Arvelos, caracterização de Camila Morena, fotografia de Tati Motta e assessoria de imprensa de Bramma Bremmer, Ligação Perdida reafirma o poder do som como elemento dramatúrgico e emocional, e propõe uma escuta ativa diante das feridas históricas da saúde mental no Brasil. O espetáculo tem classificação indicativa para 16 anos e haverá sessões com acessibilidade em Libras nos dias 22/11 (Funarte) e 29/11 (Zap 18).