O que nos tornamos após um trauma?
Esta é uma das perguntas da peça Senta que o leão é manso, que estreia no dia 28 de outubro e segue temporada até 21 de novembro, de sexta a segunda, no Teatro II do CCBB BH.
Senta que o Leão é Manso é um espetáculo autobiográfico, concebido a partir de memórias, frustrações e traumas da atriz Kelly Crifer e do dançarino Getúlio Ramalho.
Para compor a montagem, foram utilizados áudios, imagens e cartas plenas de afetos.
O contexto leva ao ano de 2001, quando se apresentavam na montagem homônima dirigida por Eid Ribeiro para o programa “Circo de Todo Mundo”, voltado para jovens em vulnerabilidade sociocultural.
Na ocasião, enquanto faziam um número de acrobacias e equilibrismo intitulado Nas Garras da Mulher Aranha, Kelly sofreu uma estafa e desmaiou.
A atriz mantinha somente um dos pés sob a cabeça do seu portô, Getúlio Ramalho, que se equilibrava no rola-rola.
Com a queda, sofreu traumatismo craniano, ficando em coma por três dias, além de ter as clavículas fraturadas.
Em lenta recuperação, seguiu com a carreira de atriz, abandonando o circo.
Getúlio, por sua vez, enveredou pelas aulas de dança de salão e pelos estudos de dança contemporânea.
A atriz e o dançarino trabalham com a presença da câmera desde o início do espetáculo e, enquanto o presente é posto em cena, o passado e uma rede de memórias são exibidos numa tela que pode ser lida como uma terceira personagem.
A tela se faz presente na cena como uma extensão dos corpos.
Além da função de exibir a parte documental da obra, essa tela conecta Kelly e Getúlio ao público, quando antes e durante o espetáculo, a plateia é filmada e transmitida na tela, passando a integrar, de forma ativa, a cena. Sinopse: Um duo sobre a trajetória de dois jovens no circo.
Um grave acidente, ruptura e tentativa de superação. Traumas e tramas.
O espetáculo parte da experiência vivida pela atriz Kelly Crifer e pelo dançarino Getúlio Ramalho com um número de acrobacia e equilíbrio no rola-rola, no início do milênio. Treinam, viajam, se apresentam. Sucesso. Fim?