Livremente inspirado em questões provocadas pela comédia grega “As Aves” - escrita por Aristófanes (414 a.C.) - o espetáculo “Ave” estreia em novembro mergulhando no universo de cores, sons e movimentos dos pássaros e explorando linguagens diversas como o cabaré, a dança contemporânea e a comédia popular.
A montagem é um projeto híbrido entre a dança e o teatro desenvolvido a partir do encontro de dois coletivos de Belo Horizonte: a Ananda Cia de Dança e o Núcleo de Criação Sapos e Afogados. “Ave” poderá ser vista gratuitamente no dia 03/11, sexta-feira, às 19h, no Teatro Raul Belém Machado Espaço Cênico Yoshifumi Yagi. Nos dias 04/11, sábado, às 20h e 05/11, domingo, às 19h, o espetáculo estará em cartaz no Galpão Cine Horto com ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00.
O Centro Cultural Venda Nova recebe “Ave” no dia 09/11, quinta-feira, às 19h, com entrada gratuita.
E, encerrando a temporada, a Funarte MG será o palco da produção nos dias 10/11, sexta, e 11/11, sábado, às 19h com entrada gratuita. Todas as sessões contarão com tradução em Libras.
A sessão do dia 04/11, além da Libras, contará com audiodescrição.
O projeto é tecido por uma procura de uma arte teatral e coreográfica. Não se trata de um teatro dançado ou de uma dança encenada, mas de um entre lugar que surge desta coexistência e de uma qualidade específica de presença que abraça o gesto, o som, a voz, o texto. Sob direção de Anamaria Fernandes e Juliana Barreto, em cena estarão oito atores e nove dançarinos, entre eles uma criança. "Ave" tem dramaturgia original assinada por João Santos - desenvolvida em parceria com a equipe artística do espetáculo.
Um ponto fundamental para a pesquisa gestual e musical do trabalho, foi o mergulho em espécies diversas de aves: seu voo singular ou coletivo, seu canto e seu caminhar.
A diversidade dos performers contribui consideravelmente para a teatralidade dançante do espetáculo, na medida em que os corpos expõem sua diferença, sua fragilidade e sua força. “Ave é um trabalho que preza pela diversidade e o respeito às diferenças individuais e é a partir deste pilar que a criação se funda.
Nos interessa investigar tal ponto de conjunção nas pesquisas dos dois coletivos, revelando como a diversidade corporificada em nossos artistas pode tomar um caminho diverso daquele que Aristófanes desenhou para sua cidade de pássaros”, explica Anamaria Fernandes. “Ave” propõem investigar jornadas individuais e coletivas na fundação de novas lógicas sociais, novas relações e uma nova realidade. “De atualidade impressionante, o texto Aristófanes provoca uma questão sobre a qual o projeto pretende, também, se basear: na comédia grega os protagonistas que pregavam contra um sistema autoritário e corrupto acabaram por se tornar, eles mesmos, autoritários.
E como é possível, àqueles que criticam o sistema, protegerem-se contra as tentações do poder? Quando o sonho do oprimido é se tornar opressor? Queremos nos empoderar de quê? Que mais, diferente disso tudo, podemos sonhar?”, complementa Juliana Barreto.