"Eu Ainda Acredito" está em cartaz na Casa GAL e reúne uma seleção de trabalhos recentes entre pinturas, desenhos, fotografias, videoarte e instalação Alisson Damasceno, um dos nomes de maior destaque na cena contemporanea mineira.
As imagens de peças de mobiliário escolar associadas a vasos de plantas diversas compõem a visualidade marcante da série.
O artista se debruça sobre o tema do corpo em relação ao objeto e insere questões relacionadas ao sistema de educação.
O artista relata um episódio marcante na sua história: o dia em que estava na Escola de Belas Artes na UFMG a convite da professora Rosvita (Kolb Bernardes) e ambos são surpreendidos com a chegada de um grupo de estudantes feridos que entraram chorando no prédio.
Eram os estudantes secundaristas, em um dos episódios de conflito com os policiais na ocasião das manifestações contra a PEC 241, em 2016.
O artista vai até a porta da universidade e se depara com a cena composta pelos estudantes de um lado, a polícia de outro e, entre os dois polos, o mobiliário escolar espalhado no centro do que chamou de “praça de guerra”: “Eu peguei esse mobiliário escolar, não tanto como uma apropriação desse material, porque eu já estava trabalhando nas escolas e eu estava muito interessado nessa questão do mobiliário escolar, porque já me chamava a atenção esse corpo que ficava e fica lá sentado até hoje, todos os dias, várias horas, por anos, imóvel por obrigação de um sistema que já faliu.
Então foi em novembro de 2016 que começou esse trabalho com o mobiliário, o objeto, no qual eu usava adesivo plotado.
Eu criava algumas poesias, algumas coisas que, inicialmente tinham a ver com a PEC [e a reforma do ensino médio], como por exemplo ‘não é mais obrigatório pensar’, ‘Ex-tudo e não ‘estudo’’.
Comecei essa intervenção com a palavra na pintura e isso foi se desenvolvendo para a pintura nas telas, que já tinha uma questão mais associada à história do Brasil.” A maneira como o mobiliário se coloca como molde uniformizante para os corpos distintos que passam pelo sistema escolar é um problema que o artista aborda nos trabalhos.
Nesse sentido, a inserção das plantas em uma relação produzida com esses objetos teria o potencial de despertar reflexões a respeito da liberdade dos corpos em contraste com algo que os condiciona a seguir uma forma regular.
A exposição se apresenta como uma proposta de revisitar esse episódio histórico de uma outra maneira, convidando o observador a reconhecer esses símbolos e pensar sobre nosso sistema de ensino e a educação a partir de uma experiência sensível.
GAL tem o prazer de convidar para a abertura da exposição individual Eu Ainda Acredito, do artista Alisson Damasceno, que acontece nesta quinta, na Casa GAL.
Na abertura Hirokazu Shimabukuro ocupa a cozinha da casa com a performance Cozinha do Fim do Mundo.
A exposição segue em cartaz até dia 11/11/2023