O Parque do Palácio, em Belo Horizonte, inaugura neste domingo, 18 de maio, a exposição SOLO, da artista Poli Pieratti, com curadoria de Sarah Ruach, fundadora do Escritório de Arte Ruach. A abertura será marcada por um coquetel para convidados, a partir das 11h. A mostra apresenta uma série inédita de pinturas em pastel seco sobre tela que evocam o Cerrado — não apenas como paisagem, mas como solo simbólico, pulsante e essencial para a vida. As obras, delicadas, sugerem paisagens subterrâneas e o movimento silencioso da água sob a terra. Em tons de rosa e azul, Pieratti revela a dimensão vital do bioma, que concentra oito das doze principais regiões hidrográficas do Brasil e é considerado o grande aquífero do país. Artista visual brasiliense, Pieratti residiu em Belo Horizonte nos últimos três meses para produzir parte da exposição.
Encontra no Cerrado um território que é também interior: lugar de travessia entre geografias e memórias. “Há algo maior do que o braço que vai levando a cor, guiando as formas”, diz a artista. “A pintura me lança para dentro de mim, para as memórias submersas e suas correntes.” Com uma produção que transita entre pintura, desenho e linguagem cartográfica, a artista tem uma relação poética e contínua com o território. Participou de importantes eventos do circuito nacional e teve obras expostas em mostras individuais e coletivas em Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. Para além da geografia, SOLO propõe uma leitura sensível do Cerrado como território originário, berço das águas e guardião da biodiversidade. “Ao primeiro olhar, pouco; ao segundo, tudo”, escreve Ruach. “Natureza complexa, árvores pequenas, águas profundas.” Ao ocupar o Parque do Palácio — antiga residência oficial do governo mineiro, projetada por Oscar Niemeyer —, a exposição estabelece um diálogo entre arte, paisagem e arquitetura modernista.
Para Pieratti, nascida em Brasília, capital do modernismo, há um prazer simbólico em apresentar seus trabalhos em um dos marcos arquitetônicos de Minas Gerais: um espaço onde a matéria do solo encontra também a matéria da forma. SOLO é um convite ao mergulho — no território, no gesto, na imagem. E, como destaca a curadora, “um mergulho no que a vida tem de mais cru, de mais verdadeiro.” Parte da residência artística foi viabilizada com apoio do Hotel Tryp, que acolheu a artista em uma experiência de criação em ambiente hoteleiro — reforçando o deslocamento como parte fundamental do processo.