Em vez da igreja, o ateliê como local sagrado para reflexão sobre o existir e sobre navegar neste mundo. “Trabalho como modo de observar a vida e, a partir disso, ter uma percepção do que me cerca e do social – é um compromisso meu com a arte”, conta Marco Paulo Rolla, autor da exposição Contrapontos e Contratempos, em cartaz na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas a partir de 11/4.
A observação da vida feita pelo artista mineiro lhe trouxe incômodos e, em virtude deste compromisso sagrado que ele menciona, o caminho possível foi transformá-los em trabalhos de arte. O que o espectador encontra são obras que expressam situações complexas do cotidiano, “do surrealismo que vivemos”, por meio de peças irônicas e reflexivas. A mostra vem, neste sentido, para completar o próprio ciclo das obras: “Tenho a urgência de que o trabalho funcione e seja visto. Que ele crie reflexões e que estas conversas, feitas a princípio comigo mesmo, se voltem à vida. E essa é uma relação que não se faz sem o embate entre os dois olhares, o de dentro e o de fora”, afirma.
Conhecido por trabalhos multidisciplinares, principalmente performáticos, Marco Paulo Rolla traz à Galeria pinturas, esculturas em bronze e intervenção em madeira. Em Contrapontos e Contratempos, a seleção de obras exibe, sobretudo, a inquietude do artista quanto às relações entre o corpo humano e os objetos eletrônicos.
“A arte é dirigida ao outro – e, hoje em dia, a lógica mercadológica tem uma nova caraterística, a busca por likes. A estratégia de criação passa toda por esta busca. E o meu trabalho quer dar uma palavrinha sobre isso. Quero debater essas máquinas, porque elas redirecionam a experiência humana, principalmente o desejo”, reflete Marco Paulo.
A seleção de obras, que abrange uma grande produção de trabalhos inéditos mais atuais e algumas obras mais antigas mas pouco expostas, chega à Galeria do Minas, portanto, para convidar o espectador a entender sua poética neste lugar público de diálogo. A exposição permanece em cartaz até 8/6.