Em sua inquietude, Diu provoca deslocamentos situados na esfera do Entre…
Entre dimensões objetivas e subjetivas, entre a imagem e a narrativa, entre a dor e a paixão, entre o profano e o sagrado, um convite ao exercício mediador entre o que se sente e o que se vê.
A produção pictórica de Diu revela um desejo de não deixar despercebido aquilo que dilacera, que corta, que morde, que saliva, de tudo o que chega com profundidade na carne, e também na alma.
Entre paisagens oníricas habitadas por uma atmosfera nebulosa e de risco iminente, morte e vida são negociadas por personagens humanos, animalescos e até fantásticos.
Corpos que devoram outros corpos, corpos em fuga, corpos latentes em estado de ameaça. Corpos atravessados pela urgência, na luta pela existência e cultivando a resistência como um modo possível de estar vivo.
Diu trata da carne como uma expressão do físico da mesma forma em que abre fendas para conexões para além daquilo que é terreno, a ligação com dimensões de outras possíveis existências é contemplada nas composições que traçam fluxos energéticos no transbordamento da tela.
Psicopompo é o título da exposição onde a artista partilha sua poética visceral com um conjunto de pinturas que criam ambiência transcendental pelo espaço.
Em meio à natureza selvagem, a possibilidade de captura da presa ou de fuga do predador se configura como um contexto possível que compõe o diálogo proposto pela artista.
Tal dicotomia guarda também provocações: entre o opressor e o oprimido, por qual ponto de vista cada pessoa se reconhece na relação que estabelece com as obras da artista?