A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro, apresenta a “Maratona do Terror”, que exibe gratuitamente e em sequência quinze filmes em diálogo com a mostra “As Origens de Tim Burton”. As sessões acontecem das 14h do dia 22 de julho (sexta-feira) até as 19h30 do dia 23 de julho (sábado), de forma presencial. Entre as 18h do dia 22 e as 05h40 do dia 23 as exibições ocorrem simultaneamente dentro da sala do Cine Humberto Mauro e no Jardim Interno do Palácio das Artes, onde será instalado um telão para as sessões da noite e da madrugada.
Aproximando a obra de Tim Burton de suas origens, como o Expressionismo Alemão, filmes de monstros do estúdio Universal, cinema gótico e ficções científicas cults dos anos 1950, a mostra “As Origens de Tim Burton” destaca os filmes dirigidos pelo cineasta até o início da década de 2010, explicitando a mescla de gêneros dentro da filmografia do artista e salientando suas inclinações para o terror, a fábula e os contos de fadas. A Maratona mantém este objetivo, e traz filmes dirigidos por Tim Burton e outros realizadores, cobrindo quase 80 anos da história do cinema e a produção de países como Estados Unidos, Grã-Bretanha e Brasil.
O evento começa com o filme As Grandes Aventuras de Pee-wee (1985), primeiro longa-metragem dirigido por Tim Burton. Em seguida, o público vai poder acompanhar a animação em stop-motion A Noiva Cadáver (2005), filme indicado ao Oscar em 2006 e no qual o cineasta brinca com as expectativas em relação aos “mundos” dos vivos e dos mortos.
A partir das 18h, as sessões simultâneas começam com o longa animado Frankenweenie (2012), um remake do curta-metragem de mesmo nome também dirigido por Tim Burton em 1984 e com claras inspirações em Frankenstein (1931), filme presente na mostra. Em seguida, a “Maratona do Terror” traz O Estranho Mundo de Jack (1993), primeira obra da programação que não foi dirigida pelo realizador, mas pelo estadunidense Henry Selick, com produção e criação de história e personagens creditadas a Tim Burton. Última exibição da noite do dia 22 de julho, A Noiva de Frankenstein (1935) continua a jornada do monstro formado por parte de cadáveres e do cientista que o trouxe à vida, agora com a introdução de uma companheira para a criatura.
Iniciando exatamente à 0h do dia 23, o longa-metragem À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), de José Mojica Marins, marca a presença do terror nacional na Maratona. Este é o primeiro filme a contar com o mais famoso personagem de Mojica, o coveiro “Zé do Caixão”. A conexão entre o cineasta brasileiro e Tim Burton é longa. O diretor americano é um grande admirador do cineasta José Mojica Marins, já chegou a conhecê-lo durante uma visita à cidade de São Paulo e afirmou ter crescido assistindo aos filmes do “Zé do Caixão”.
Dando seguimento à Maratona, a fábula Edward Mãos de Tesoura (1990) toma novamente inspiração de Frankenstein, trabalhando questões como os limites da ficção científica e da ciência e a resistência ao diferente. A madrugada avança com The Rocky Horror Picture Show (1975), mistura de musical, terror e comédia que marca a última exibição no telão do Jardim Interno do Palácio das Artes. Baseado no musical homônimo escrito para o teatro em 1973, o filme é ao mesmo tempo uma homenagem e uma subversão das obras de horror e ficção científica das décadas anteriores, e se tornou um fenômeno cultural ao longo dos anos.
Logo depois, o público confere A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), baseado em um conto americano do início do século XIX escrito por Washington Irving, inspirado por sua vez na versão americana de uma série de narrativas mitológicas nascidas na Europa medieval envolvendo batalhas e a representação de martírios religiosos.
Após um breve intervalo, a Maratona volta com o clássico filme de zumbis Despertar dos Mortos (1978), de George A. Romero. Segunda parte da primeira trilogia do diretor, iniciada com o celebrado A Noite dos Mortos-Vivos, o filme de zumbi dos anos 70 apresenta similaridades com a retratação da morte feita por Tim Burton em longas como Marte Ataca! (1996) e Os Fantasmas se Divertem (1988), embora seja uma incursão mais autônoma da Maratona em meio ao universo do terror. Também de forma mais livre, a sessão seguinte traz o igualmente clássico Psicose (1960), considerado uma base para inúmeros filmes de terror feitos em todo o mundo (seja na condução da narrativa ou na maneira de filmar a morte) após sua estreia. A história começa com o desfalque de 40 mil dólares dado pela secretária Marion Crane na imobiliária onde trabalha e evolui para sua chegada ao Motel Bates, um lugar decadente e misterioso.
A tarde de sábado começa com Os Fantasmas se Divertem (1988), uma inversão do filme de casa mal-assombrada onde os espíritos são protagonistas. Logo depois, uma série de filmes com temática de vampiro: a primeira sessão é de O Vampiro da Noite (1958), estrelado por Christopher Lee e Peter Cushing, e o primeiro de uma sequência de “filmes de Drácula” feitos pela cultuada produtora inglesa Hammer. O contemporâneo Sombras da Noite (2012), de Tim Burton, traz um vampiro para a trama da família disfuncional do subúrbio, tendo como base uma série de televisão dos anos 1960. A Maratona finaliza com Drácula de Bram Stoker (1992), versão do premiado diretor Francis Ford Coppola para o romance escrito pelo autor irlandês em 1897.