No dia 4 de maio, sábado, das 11h às 13h, serão lançados os livros “Fortuna Crítica”, assinado por Nelyane Gonçalves Santos e Marília Andrés Ribeiro, e “Trajetória artística”, de autoria de Eliana Andrés Ribeiro. As publicações destacam a arte e a produção crítica sobre as obras da centenária Maria Helena Andrés, desenvolvidas desde a década de 1950. Como medida de acessibilidade, os livros possuem áudio com locução do ator Luciano Luppi, disponíveis no Spotify.
O lançamento acontece na Quixote Livraria Café e Arte e tem entrada gratuita. Está confirmada a presença da artista homenageada. Também haverá sessão de autógrafos com as autoras e venda de exemplares, no local. Com apoio do Instituto Maria Helena Andrés, o projeto Coleção Centenário possui patrocínio do Hotel San Diego, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. “Maria Helena Andrés é uma artista que revela uma carreira diversificada, pautada pela inquietação constante e pela busca de diálogos com o pensamento estético e as tendências artísticas de seu tempo.
Esses livros preservam a memória e o legado deixado pela artista para as gerações futuras. Acreditamos que ambos atendem a artistas, pesquisadores, estudantes das artes, tanto os que admiram Maria Helena Andrés, quanto os que estudam a produção artística e o discurso da crítica em diferentes gerações que perpassam os séculos XX e XXI”, comenta Marília Andrés Ribeiro, proponente do projeto Coleção centenária e diretora do Instituto Maria Helena Andrés.
Organizado pela arquiteta e professora de Yoga, Eliana Andrés Ribeiro, “Trajetória Artística” aborda as múltiplas facetas de Maria Helena Andrés: artista, pensadora, educadora, mãe, cujo percurso é marcado pelo humanismo e por profunda espiritualidade. “São traços essenciais de sua obra, que acompanho e admiro há muito tempo”, comenta a autora que desde a adolescência mantém contato intenso com a artista. “Sempre fui inspirada por ela. Trata-se de uma pessoa generosa, inteligente, cativante pelo seu saber e agir, cuja vida e obra estão intimamente conectadas”, afirma. “Trajetória artística” percorre os caminhos de Maria Helena, dando a conhecer uma vida na qual a arte esteve presente desde muito cedo: dos primeiros desenhos, aos 14 anos, conduzidos pelos mestres Carlos Chambelland, Alberto da Veiga Guignard e Theodoros Stamos, até as diversas fases da artista: a passagem do figurativo ao abstrato, com a presença de elementos do seu cotidiano, seguida pela abstração geométrica, com a série Cidades Iluminadas, para, mais adiante, inserir movimentos livres e gestuais nas fases Barcos, Guerra, Espacial, que depois dão espaço às Mandalas, cada qual traduzindo momentos específicos de uma vida cada vez mais espiritualizada e pautada por suas andanças pelo oriente.
No livro, estão mencionadas participações da artista nas Bienais de São Paulo, que, nas palavras de Maria Helena, trouxeram “um campo de estudos e reflexões sobre a arte”. A artista visual seria marcada também por nomes como Max Bill, que influenciou o concretismo brasileiro, e, mais tarde, nos anos 60, em viagem aos Estados Unidos, por artistas pertencentes ao movimento Expressionista abstrato, ou Action Painting. A aproximação com o Oriente se dá na década de 1970 e marca definitivamente sua trajetória. “Maria Helena entra em contato com a filosofia oriental e autores como Lao Tsé, Swami Vivekananda e Jiddu Krishnamurti.
É uma fase em que sua obra plástica se volta, cada vez mais, para o mundo interior da artista, o que reverbera também no trabalho como pensadora, resultando na autoria de livros como Vivência e arte (1966), entre outros”, contextualiza Eliana. Para o livro Fortuna Crítica, organizado pelas pesquisadoras e historiadoras da arte Marília Andrés Ribeiro e Nelyane Gonçalves Santos, foi realizado um significativo levantamento de artigos de importantes nomes da crítica nacional, como Antônio Bento, Frederico Morais, Olívio Tavares de Araújo, Márcio Sampaio, Morgan da Motta, Roberto Pontual, Agnaldo Farias, Fernando Cocchiaralle, Clarival do Prado Valadares, Walmir Ayala, Walter Sebastião, Guilherme Bueno. Entre as mulheres, há contribuições de Mari’Stella Tristão, Celma Alvim, Célia Laborne Tavares, Cristina Ávila, Bárbara Ariston, Marília Andrés Ribeiro e Ana Clara Brant. “Essa compilação é um importante dossiê de como a crítica de arte se constituiu no Brasil de meados do século XX às primeiras décadas do XXI”, comenta a autora Marília Andrés Ribeiro.
Os textos falam da formação da artista, sua produção, as guinadas na forma, do gesto, do seu fazer, versando sobre a artista e sua obra. Já as imagens foram selecionadas pela diversidade de formas, cores, suportes, fases, em diálogo com os textos críticos publicados sobretudo em Belo Horizonte e estado, em jornais, catálogos de exposição, mas também no Rio de Janeiro, São Paulo e em Valparaíso (Chile). “Fortuna Crítica” inclui também prêmios recebidos em salões nacionais, assim como a aproximação com a filosofia oriental e a atividade docente na Escola Guignard. “A pluralidade de seus suportes, de suas técnicas, sendo a principal a pintura, e suas incursões pela colagem, tapeçaria e escultura demonstram a busca pela expressão em estruturas diversas. Sem esquecermo-nos da escrita, suas manifestações artísticas em múltiplos suportes juntam-se à diversidade de temas religiosos, cotidianos, sem se furtar de tratar de temas relacionados à vida moderna, incluindo a radioatividade e o espaço em produção nos anos 1960”, comenta Marília.
Atualmente, Maria Helena Andrés possui obras em acervos públicos, entre eles: Museu da Pampulha, Museu Mineiro e Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte; Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins; Prefeitura Municipal e Museu de Arte Moderna, em São Paulo; Museu Nacional de Belas Artes e Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro; Fundação Cidade da Paz, em Brasília; Museu Spokje, na Sérvia; Phillips Collection e Brazilian American Cultural Institute, em Washington DC (EUA), e Museum of New Mexico, em Santa Fé (EUA). Publicou os livros Vivência e arte (Agir, 1966), Os caminhos da arte (Vozes, 1977 e C/Arte, 2000), Encontro com mestres no oriente (Luz Azul, 1993), Maria Helena Andrés - depoimento (Coleção Circuito Atelier, C/Arte, 1998); álbum OrienteOcidente: integração de culturas (Morrison Knudsen, 1984) e Maria Helena Andrés (C/Arte, 2004).