A partir de 7 de dezembro de 2025, o Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH) apresenta Festa no Céu - Mirĩ'kʉã ʉmʉhsé'pʉ Bahsa'rã, instalação inédita da artista, curadora e ativista indígena Daiara Tukano. A obra ocupará o pátio do centro cultural com um arco composto por mais de 100 pássaros, em sua maioria araras, criado como homenagem à sabedoria ancestral, à preservação da floresta e ao papel das aves como intermediárias entre dimensões espirituais. A visitação é gratuita e acontece até 28 de fevereiro de 2026, de quarta a segunda, das 10h às 22h.
A abertura acontece no dia 7 de dezembro, domingo, a partir das 17h, com a leitura de duas obras de Ailton Krenak. Primeiramente, a Roda de Leitura do Programa Educativo do CCBB traz o título infantil Kujan e os meninos sabidos. Na sequência, a artista fará a leitura do mito do nascimento dos pássaros, presente no livro Antes, o mundo não existia.
O trabalho se estrutura como um grande móbile, no qual os pássaros aparecem em quatro posições distintas, sugerindo movimento contínuo. Feitas em material translúcido e ornamentadas com desenhos de hori em diversos tons, as peças projetam cores no espaço tanto sob a luz do sol quanto à noite, quando recebem iluminação especial. Mais que um conjunto escultórico, a instalação se propõe a funcionar como um portal para a cosmovisão indígena.
Nas narrativas de criação do povo Yepá Mahsã Tukano, antes da multiplicação da humanidade, as Amõ Numiã, as primeiras mulheres, deram à luz os pássaros, que surgiram cantando, voando e espalhando cores pelo mundo. Encantados com esse nascimento, homens e animais passaram a cantar na floresta, cada um em sua própria língua, e a ter mirações, visões coloridas que originaram suas pinturas e desenhos. Assim surgiu a diversidade de povos e percepções que tornou possível a expansão humana. Desde então, os pássaros fazem a festa no céu, levando mensagens e sonhos em seus cantos e revoadas.
Ao trazer esse símbolo amazônico para um espaço central da cidade como o CCBB BH, Daiara Tukano reforça a urgência de cuidar da floresta, compreendida por muitos povos como um organismo vivo cujo desequilíbrio manifesta crises espirituais profundas.
Com direção artística e curadoria de Juliana Flores e arquitetura de Camila Schmidt, a instalação integra a ação de final de ano do CCBB BH, fortalecendo a relação do museu com o público que circula diariamente pelo Circuito Liberdade.
Para a gerente geral do centro cultural, Gislane Tanaka, “Festa no Céu nasce em diálogo com a tradicional iluminação de final de ano da Praça da Liberdade, e revela a diversidade de visões que os povos originários guardam como sabedoria, abrindo espaço para um encontro sensível com suas cosmovisões. Nesta travessia entre luz, arte e ancestralidade, o CCBB BH reafirma seu compromisso de aproximar cada vez mais as pessoas da cultura”.