A exposição “Dilúvio” reúne fotografias captadas por Daniel Moreira a partir de restos urbanos deixados pelas enchentes em regiões periféricas. Fragmentos de sofás, ventiladores quebrados, objetos encharcados e flores de plástico compõem uma estética de ruína e denúncia.
As imagens derivam da série Área de Risco (2014), em que o artista acompanhou durante um ano os rastros deixados por um córrego após as chuvas. O que emerge não é limpeza, mas colapso: a água não purifica, revela. Para Moreira, o foco está no que ficou de fora da salvação – corpos, objetos e memórias à margem.
Com uma curadoria que propõe uma leitura barroca e quase litúrgica dessas composições visuais, Ângela Berlinde descreve a exposição como uma espécie de arqueologia do presente: “Ao lançar o olhar sobre os vestígios do colapso, o artista não oferece consolo, mas fricção”.