Após conquistar crítica e público, o espetáculo “A Última Ópera” retorna a Belo Horizonte para mais uma temporada de apresentações impactantes. Aclamada por sua ousadia estética e temática, a montagem escrita e dirigida por Gustavo Des é uma tragicomédia sensorial que mergulha nos dilemas mais profundos da condição humana. Inspirada no Teatro do Absurdo, a peça aborda temas como etarismo, abandono de incapaz, machismo, guerras e transtornos mentais, propondo reflexões urgentes sobre a sociedade contemporânea.
No palco, sete artistas dão vida a uma família disfuncional, confrontada pelo retorno inesperado da matriarca, antes dada como morta. A partilha de bens, a agonia da espera e os conflitos não resolvidos se transformam em um jogo cênico inquietante, recheado de aromas, tique-taques sombrios e ironia fina — um espetáculo que mexe com os sentidos e provoca profundas reflexões. “A Última Ópera” se desenrola no interior de uma casa onde o tempo parece estagnado. O reaparecimento de uma figura materna que todos acreditavam ter enterrado — literal e simbolicamente — implode qualquer possibilidade de harmonia. Vulnerável e em silêncio, a matriarca torna-se símbolo de tudo aquilo que os filhos tentaram esquecer.
Em vez de acolhimento, o que se vê é uma luta por herança, memórias distorcidas e espaços de poder. O cotidiano vira pesadelo: a linguagem falha, o afeto escapa, e os personagens afundam num ciclo de absurdos — entre o cômico e o trágico. Com forte carga simbólica e sensorial, a peça brinca com o desconforto, revelando como as relações familiares, muitas vezes, escondem feridas que insistem em não cicatrizar. Com temporadas esgotadas, presença destacada na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança de BH e repercussão em grandes veículos da imprensa mineira, “A Última Ópera” se firma como uma das produções mais potentes da cena teatral recente em Minas.