"O Futuro é Indígena" – exposição de Edgar Kanaykõ Xakriabá em exibição na Fachada Digital do Espaço do Conhecimento UFMG integra programação do Agosto Indígena
Fachada Digital do Espaço do Conhecimento UFMG exibe fotos do cotidiano dos Xakriabá
Belo Horizonte, 26 de agosto de 2022 – Em continuidade à celebração do Agosto Indígena, está em exibição na Fachada Digital do Espaço do Conhecimento UFMG a exposição “O Futuro é Indígena” do artista Edgar Kanaykõ Xakriabá.
As imagens, em colorido e em preto e banco, retratam o cotidiano dos Xakriabá. Em seu trabalho, o autor afirma que “a fotografia e o audiovisual são tomados como uma ferramenta de luta para os povos indígenas, possibilitando ao ‘outro’ ver com outro olhar aquilo que somos”, explica Edgar.
Sobre o autor
Edgar teve o primeiro contato com as câmeras no começo dos anos 2000, quando chegou também na aldeia a rede elétrica e outras tecnologias. Na juventude ele já se interessava pelas imagens como forma de registro do cotidiano de seu povo.
É formado em Ciências Sociais/Humanas, no curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (FIEI), da Faculdade de Educação da UFMG.
Quando entrou na faculdade, em 2009, Edgar já sabia que queria estudar as imagens, mas mergulhou mesmo neste universo quando, no mestrado, recebeu apoio da Associação Indígena Xakriabá para que desenvolvesse uma reflexão sobre essa importante tecnologia.
A vivência na universidade ampliou ainda mais o seu olhar. Ali ele conheceu a etnografia (estudo sobre a cultura de grupos sociais) e deu-se então seu encontro com a etnofotografia, que, além de ser uma forma de falar de sua cultura, também é uma potente ferramenta de luta.
Sendo o primeiro indígena mestre em Antropologia pela UFMG, decidiu nomear a sua dissertação de mestrado como “Etnovisão: o olhar indígena que atravessa a lente''. Edgar Corrêa Kanaykõ, nasceu e vive na Terra Indígena Xakriabá, município de São João das Missões, em Minas Gerais.
Para os Xakriabá, a fotografia revela segredos além do que os olhos podem captar. Na língua akwẽ, hêmba significa tanto “alma” quanto “imagem”. Segundo a cultura Xakriabá, ao fotografar rituais, são os espíritos locais, por meio dos pajés, que dizem o que pode ou não ser revelado.
Na exposição “O Futuro é Indígena” são exibidos retratos da realidade sob a ótica da etnofotografia indígena com imagens de parte de sua carreira. É possível acompanhar o trabalho do artista pelo Instagram @edgarkanayko/, sempre com novas fotos legendadas e com histórias ou textos de outros autores indígenas.