O Grupo Parangolé - conhecido por levar sua arte - inspirada em Oiticica, Brecht e Boal -, dos grotões do Brasil profundo à Europa -, está em festa e se prepara para realizar o “Festival Parangolé 25 anos”. Nos dias 30 e 31 de maio, sexta e sábado, e 01/06, domingo, a trupe abre as portas da Funarte MG para celebração ao lado do público e artistas parceiros, como Sérgio Pererê, Cida Falabella, Titane, DJ Naroca e muitos outros. Em três dias, com acesso totalmente gratuito, o evento reúne espetáculos, esquetes teatrais, oficinas, exposições de acervo, lançamento de livro, documentário, shows musicais, discotecagem, uma feira popular de comidas, bebidas e produtos agroecológicos locais e muito mais. “O Parangolé é menos um grupo e mais um movimento: ajuntamento de pessoas, ideias, causas e possibilidades de intervenção. Criamos mais de uma centena de peças, esquetes e performances artísticas.
Quem junta mais gente que um show? Um futebol arte? Um carnaval? Um círio de Nazaré? Colocamos nossos corpos e talentos pra mobilizar, pra cidadania. E por isso somos resistência. Sobrevivemos 25 anos na contramaré das políticas culturais que em sua maioria vai em outra direção. Esse evento é pra dizer que não desistimos dos sonhos”, afirma o poeta, cordelista, educador e um dos integrantes da trupe, Rodolfo Cascão. No início dos anos 90, Cascão e a companheira Fernanda, recém-chegados de andanças pelo Mato Grosso, onde trabalharam como arte educadores populares, assumem a Gerência de Mobilização Social da SLU – Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte. “Passamos a fazer várias esquetes ligadas à coleta seletiva para carroceiros, catadores”. De um coletivo de quinze jovens artistas, o ator e poeta Rodolfo Cascão, a artista visual Fernanda Macruz, a atriz Sandra Albéfaro e o ator Lucílio Gomes decidem seguir juntos e, em 1999, criam o Parangolé. “Já nascemos cunhando o conceito de Arte Mobilização: que é colocar a arte e seu potencial mobilizador a serviço de causas públicas e sociais, introduzindo a dimensão da festa e do lúdico, em processos participativos”, explica Cascão. De lá para cá, a trupe criou mais de 100 trabalhos que misturam teatro, bonecos, música, cordel, folguedos, danças e festas populares, em performances e oficinas que pensam a arte a serviço da vida e da cidadania.
Dos projetos realizados, a maioria carrega como propósito essa reverberação social e o protagonismo comunitário. Como consequência, o grupo acabou expandindo sua atuação para cidades de Minas Gerais (de Januária a Rio Acima, de Governador Valadares a Uberaba, de Chapada do Norte a Oliveira), tendo inclusive feito incursões em outras fronteiras (Brasília, Fortaleza, Vila Velha, Vitória, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia), e também uma participação internacional na Expo Zaragoza, na Espanha, em 2008. “Nada mais coerente do que celebrar em um espaço público como a Funarte, que carrega marcas históricas das lutas e conquistas da classe artística. A arte como bem comum, como direito e como ato político”, comenta o ator, educador e também fundador Lucílio Gomes. Cascão concorda com o colega e completa: “Vai ser uma festa popular com sarau, barraquinhas e forró, num terreiro que possibilita essa informalidade, que vai acolher o nosso ônibus multimídia, o Cordel Móvel, que já trilhou esse mundão de meu deus afora, e finalmente o público de BH vai conhecê-lo de perto”.
Além de celebrar, o grupo também anuncia projetos novos. Um deles em parceria com o Grupo Trampulim. “A ideia é a gente construir um espetáculo usando o cordel e a palhaçaria dentro do universo feminino”, conta a atriz Sandra Albéfaro. A outra novidade é que a trupe adotou o viaduto da Av. Francisco Sales em frente à sua sede, no bairro Floresta, pelo Programa Adoro BH da PBH. “Pretendemos transformar o local num centro cultural com espaços para exposição de artes visuais, ensaios de grupos artísticos, blocos de carnaval e área de lazer para a comunidade do entorno. O objetivo é ocupar a cidade com o encantamento da cultura e eventos criativos para ressignificar uma área atualmente degradada”, explica Cascão.