Patrocinado pelo projeto Natura Musical, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, o 1º Festival de Música Doida inaugura um novo paradigma na cena cultural brasileira, celebrando a diversidade musical de pessoas com sofrimento mental. O evento, que ocorre de 30 de outubro a 1º de novembro (quarta-feira a sexta-feira), em Belo Horizonte, na Funarte MG, contará com uma programação diversa, com shows, debates e intervenções artísticas. A entrada é gratuita. O 1º Festival de Música Doida já produziu podcasts com reflexões sobre cultura, música, cidadania e inclusão, buscando expandir o conhecimento sobre a rica e criativa produção cultural deste campo, frequentemente marcada pelo preconceito.
O evento, que promove uma arte livre de preconceitos e inclusiva, homenageia Olavo Rita da Conceição, conhecido como "Olavo Alegria", um dos fundadores do coletivo Trem Tan Tan, falecido em 2020 devido a COVID-19. A iniciativa, idealizada pelo multiartista Babilak Bah, destaca a diversidade musical de pessoas com sofrimento mental, apresentando uma programação rica e inclusiva. O evento contará com a "Mostra de Compositores(as)", composta por cidadãos com sofrimento psíquico, oriundos dos serviços substitutivos e descobertos através da reforma psiquiátrica brasileira.
A mostra será dividida em três momentos. O primeiro contará com a participação de quatro mulheres: Lídia Ramos, Viviane de Cassia, Raissa Cordilira e Silvia Vilarejo, que exploram o universo feminino e a loucura. O segundo momento trará Juliano, o Batman e Amaral, e Marcos Evando, cujas canções abordam dramas humanos, sensualidade, ludicidade e o sagrado. O terceiro momento será protagonizado pela "Banda Piraboa", sob a direção musical de Raphael Sales, um nome conhecido na cena musical de Belo Horizonte. A banda, originada de dois serviços de saúde mental da cidade, anunciará o lançamento de dois álbuns em 2025, revelando mais de 20 compositores.
O encerramento ficará por conta do grupo vocal "Vozes Fora da Caixa", nascido nas oficinas do Centro de Convivência Marcus Matraga de Venda Nova, Belo Horizonte, que apresentará uma performance única ao cantar a "bula" de um diazepam. O festival também vai oferecer um "palco aberto" para interação do público, com canto livre, e contará com quitutes produzidos pela Suricato - Associação de Trabalho e Produção Solidária, formada por pessoas em sofrimento mental.
A programação inclui ainda a performance "A Loucutora em Cena" de Andrea Dario. No segundo dia, o festival receberá o compositor OSB, Orlando dos Santos Baptista, do grupo Cancioneiro do IPUB do Rio de Janeiro, com 27 anos de trajetória artística na interface entre música e saúde mental. O show "Trem Negreiro", do coletivo Trem Tan Tan de Belo Horizonte, promete um passeio por diversos ritmos, como frevo, samba, soul, reggae e ijexá. O dia se encerra com intervenções de blocos que abordam a temática da loucura: "Sem Prisões e Sem Manicômios", "Bloco do Trem Tan Tan" e "Maluco Beleza" de Venda Nova.
O terceiro dia traz uma roda de conversa e canto coletivo para debater os rumos da produção musical no campo da saúde mental brasileira. A programação inclui shows, debates, palco aberto e sessões de filmes produzidos por pessoas com sofrimento psíquico, destacando obras como "Recados Incandescentes" de Viviane de Cassia Ferreira e "18 de Maio – O Melhor de Todos os Tempos" de Paulo Azevedo. “Desde o início do ano, o festival realiza um mapeamento de compositores, músicos e intérpretes com sofrimento mental, promovendo a visibilidade da produção musical no campo da saúde mental.
Este mapeamento está disponível para consulta no site oficial do festival”, convida o idealizador da iniciativa, Babilak Bah. Este projeto foi contemplado no edital Funarte Aberta.