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Com o tema “Nós por Nós”, o Seminário Diversidade Periférica propõe uma imersão nas práticas culturais e cotidianas que transformam os territórios e fortalecem o protagonismo das periferias. Realizado pelo Memorial Minas Gerais Vale, o evento acontece nos dias 28 e 29 de novembro, no Centro de Referência das Juventudes (CRJ), em Belo Horizonte (Rua Guaicurus, 50, Centro), reunindo palestras, oficinas e apresentações artísticas que tratam de cultura, arte, empreendedorismo e redes comunitárias como instrumentos de transformação social. Com entrada gratuita e vagas limitadas, o evento está com inscrições abertas no site e contará com acessibilidade em Libras durante a programação.

Com curadoria de Clarice Libânio, antropóloga, mestre em Sociologia, doutora e pós-doutora em Arquitetura e Urbanismo, e pós-doutora em Economia pela UFMG, o seminário parte de uma trajetória de pesquisa e atuação junto a territórios populares. Autora do Guia Cultural de Vilas e Favelas de Belo Horizonte e coordenadora da ONG e Ponto de Cultura Favela é Isso Aí, Clarice é também pesquisadora visitante na Universidade de A Corunha, na Espanha, e referência no debate sobre políticas urbanas e cultura periférica.

A abertura, na sexta-feira, 28 de novembro, das 18h30 às 22h, traz mesa redonda com Natália Cunha (Museu das Favelas) e FBC, com mediação de Clarice Libânio, em um encontro que reflete sobre práticas culturais e cotidianas como espaços de transformação dos territórios periféricos. Natália Cunha, psicóloga e atual diretora do Museu das Favelas, soma quase 15 anos de experiência em gestão de políticas culturais, com passagens pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e pela Poiesis. Também já integrou comissões de prêmios como ProAC e PROMAC e atua como consultora e palestrante nas áreas de gestão cultural e acessibilidade, motivada pela vivência com o autismo em sua família.

FBC, um dos artistas mais inventivos do rap brasileiro, participa da mesa trazendo a força de sua trajetória marcada por autenticidade, crítica social e experimentação sonora. O artista ganhou projeção nacional com músicas como “Se Tá Solteira” e “De Kenner”, e construiu uma obra que transita entre o rap, o funk e o pop, sem perder o vínculo com as vivências periféricas. Seu disco Assaltos e Batidas retoma a essência política do boombap e reafirma o compromisso com a arte como expressão de resistência. Encerrando a noite, o público confere a apresentação do Bloco Swing Safado, grupo que mescla pagodão baiano, funk e axé, destacando músicas autorais como “DiBetim”, “Arreda (Mineirinha)” e “Jogadora Cara”.

No sábado, 29 de novembro, o seminário segue com um dia de oficinas, das 10h às 16h, dedicadas à formação, à troca de experiências e à construção coletiva de saberes. Nil César, da Casa do Beco (BH), conduz a oficina “Elaborando um Plano de Captação”, na qual os participantes desenvolverão estratégias para buscar editais, leis de incentivo e fontes alternativas de financiamento para seus projetos culturais. Morador do Morro do Papagaio, Nil é especialista em Gestão Social e Patrimônio Cultural e atua como Diretor de Articulações Estratégicas e Coordenador de Captação da Casa do Beco.

No mesmo dia, Ticano e Moisés Souza, da Favelarte Galeria Suburbana (SP), orientam a oficina “Construindo e gerindo seu espaço cultural”, voltada à criação e gestão de espaços culturais periféricos. Morador de Paraisópolis, Ticano (Hermeson de Morais) é articulador cultural e idealizador da Favelarte e do Favela Podcast. Moisés Souza, artista plástico pernambucano, autodidata e atuante nas ruas de São Paulo, transforma muros urbanos em suportes artísticos e aborda temas sociais e políticos em sua obra.

Também no sábado, na oficina “Poesia viva: escrita, corpo e voz”, voltada exclusivamente para mulheres Joi Gonçalves e Laura Conceição propõem uma vivência imersiva sobre a potência da palavra e da performance, construindo junto com as participantes um sarau que será apresentado ao público no final do dia. Joi, atriz, jornalista e poeta, é cofundadora do Coletivo Avoante, que realiza saraus e slams em Belo Horizonte. Laura, escritora e arte-educadora carioca, é uma das idealizadoras do projeto Poesia na Escola e doutoranda em Educação, com pesquisa sobre a poesia falada como ferramenta pedagógica.

Rafael Perpétuo, pesquisador, gestor e produtor cultural do Memorial Vale, ministra no sábado a oficina “Construindo uma carreira artística sustentável”, que orienta artistas e criativos na elaboração de um plano de carreira baseado em autonomia e sustentabilidade. Criado na comunidade do Nova América (Venda Nova), Rafael é doutorando em Artes pela UFMG e já coordenou o Museu de Arte da Pampulha e o Museu Mineiro.

O tema da inclusão também marca presença na oficina “Projetos artísticos, culturais e a acessibilidade de verdade”, com Ademar Alves Jr., surdo sinalizante, arquiteto e mestrando em Comunicação Social pela UFMG. A atividade acontece no sábado, das 13h às 16h e aborda práticas efetivas de acessibilidade em projetos culturais, reforçando o compromisso do seminário com a diversidade.

Patrícia Alencar e Francis Santos conduzem a oficina “Mobilização comunitária, território e formação de redes nas periferias”, que incentiva os participantes a construírem planos de ação e articulação em rede. Patrícia, nascida no Morro do Papagaio, foi diretora da CUFA Minas e presidente nacional do Mulheres da CUFA, além de fundadora da Labalaba Produção e curadora do programa Diversidade Periférica do Memorial Vale. Francis, o DJ Francis, é uma das vozes históricas da cultura hip hop mineira, fundador do grupo Negros da Unidade Consciente (NUC), referência na difusão da cultura afro e periférica em Minas e no exterior.

O encerramento do dia será marcado pelo Sarau das Minas, momento de celebração e partilha artística, aberto ao público e a todos os participantes das demais oficinas.