Fachada da Igreja São Francisco de Assis
Foto: Miguel Aun / Acervo Belotur

Patrimônio Histórico

Os caminhos de Belo Horizonte, narrados por escritores como Carlos Drummond de Andrade, Cyro dos Anjos, Henriqueta Lisboa, Lúcia Machado de Almeida, Murilo Mendes, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Fernando Sabino, Laís Corrêa de Araújo, Murilo Rubião, Sebastião Nunes, Humberto Werneck, Luiz Vilela e Sérgio Sant’Anna, Bartolomeu Campos de Queirós e Roberto Drummond, entre outros… Espera, é patrimônio ou literatura?

Em Belo Horizonte, sempre um pouco dos dois. Os prédios tombados pelo Patrimônio Histórico Municipal, Estadual e Nacional guardam a trajetória da construção e desenvolvimento da capital, mas também da vida daqueles que passaram e se apaixonaram por ela. 

São exemplos dessas preciosidades o prédio da Livraria Francisco Alves, o Edifício Cláudio Manuel / Hotel Metrópole — que teve hóspedes ilustres como o compositor mineiro Rômulo Paes, autor da frase famosa: “Minha vida é esta, subir Bahia e descer Floresta”; o Armazém Central, que hoje abriga uma drogaria e cuja viga interna guarda surpresas como uma receita do escritor e médico Guimarães Rosa e ainda o Museu Inimá de Paula, antigo Clube Belo Horizonte, todos na Rua da Bahia.

Presépio do Pipiripau - Museu de História Natural UFMG
Presépio do Pipiripau / Museu de Hist. Natural e Jardim Bot. UFMG                         Foto: Henry Yu/Acervo Belotur


Além das obras modernas de Niemeyer na Pampulha, o agrupamento de patrimônios e espaços públicos tombados incluem ainda o conjunto paisagístico da Serra do Curral, o Presépio do Pipiripau (delicadeza define essa obra criada ao longo do século XX pelo artesão Raimundo Machado, que reúne e sincroniza 586 figuras móveis, distribuídas por 45 cenas, que contam a história da vida e da morte de Jesus Cristo, costurada ao cotidiano de uma cidade, com sua variedade de artes e ofícios), o Lavatório da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem,  a Antiga Hospedaria (instalação da Escola Livre de Artes) e a Casa do Conde de Santa Marinha, entre outros.

Para quem é fã do turismo histórico, diversos espaços formam um cardápio variado, entre eles o Museu de Artes e Ofícios, cujo acervo representa o universo do trabalho e das artes no Brasil, com peças originais dos séculos XVIII ao XX; e suas instalações ocupam edifícios tombados da antiga Estação Ferroviária, no centro de Belo Horizonte. 

Já o Museu Histórico Abílio Barreto, no bairro Cidade Jardim, instala-se no casarão secular da antiga Fazenda do Leitão, uma casa de dois pavimentos, construída em 1883 quando existia apenas o Curral Del Rei e a disposição dos republicanos em criar uma nova capital para o Estado. Um bonde elétrico e uma locomotiva a vapor completam o simbolismo do lugar, que também é tombado e oferece exposições e atividades de educação patrimonial.  

Casarão do Museu Histórico Abílio Barreto
Museu Histórico Abílio Barreto                                                        Foto:Jomar Bragança / Acervo MHAB


História dentro da história

Projetada pelo engenheiro Aarão Reis, entre 1894 e 1897, Belo Horizonte foi uma das primeiras cidades brasileiras planejadas. Situada na região mais rica em minérios do Estado, a história de Belo Horizonte começou em 1701, com a chegada dos bandeirantes e a descoberta do ouro. O arraial, chamado Curral Del Rey, foi elevado à condição de Freguesia em 1750, com a expansão do comércio de gado, da agricultura e de sua população. 

Essa narrativa teria sido a mesma de qualquer vilarejo mineiro, não tivesse havido a Proclamação da República, em 1889. A divulgação de ideais republicanos fortaleceu a ideia da criação de uma nova capital. Belo Horizonte foi escolhida para substituir Ouro Preto, por apresentar maior viabilidade econômica e menos limitações topográficas. 

Consolidou-se como capital a partir dos anos 1930, quando ocorreu seu desenvolvimento industrial. A Pampulha, cujo conjunto arquitetônico está atualmente na lista de Patrimônios Mundiais da Unesco, foi criada em 1943.