Que monumento é esse? Um roteiro diferente por Belo Horizonte
Visitar Belo Horizonte pode ir além dos roteiros tradicionais e se tornar um momento de descobertas e surpresas. As características dos monumentos da capital mineira podem gerar roteiros inesperados que remetem a aspectos culturais e históricos da formação da cidade.
Esse texto é um convite para você explorar algumas curiosidades e informações sobre os monumentos da capital e descobrir fatos que os tornam surpreendentes.
O que é um monumento?
Mas afinal, o que é um monumento? É um tipo de estrutura construída para comemorar, homenagear ou estabelecer um marco. Monumentos têm o objetivo de fazer perdurar ao longo do tempo a memória, história ou significado daquilo que motivou sua implantação.
Ao redor do mundo existem monumentos tão expressivos e celebrados, que atraem muitos visitantes. Conhecer um deles é também vivenciar um pouco da história do local visitado e ainda admirar sua integração com a paisagem da cidade.
Em muitos casos, os monumentos passam a ser usados como referências territoriais e geográficas, sendo comum o seu uso para indicar ou facilitar o deslocamento das pessoas. É também habitual que sejam carinhosamente apelidados e se integrem à rotina dos moradores, passando quase despercebidos em nosso cotidiano.
Marcos monumentais em Belo Horizonte
O “Monumento Comemorativo ao Centenário da Independência” exemplifica bem essa relação, pois ele serve como referência espacial e ganhou um apelido pelo qual é mais conhecido. Se você acha que se trata do “Pirulito da Praça Sete”, acertou. Popularmente reconhecido por esse nome, o monumento em formato de obelisco se tornou um ponto de orientação para motoristas e pedestres no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas.
O difícil é imaginar que, pesando 120 toneladas, o Monumento Comemorativo ao Centenário da Independência já “passeou” pela cidade, saindo da Praça Sete para ser instalado na Praça da Savassi. Depois de 17 anos, retornou ao seu local de origem, onde permanece até hoje.
Monumentos também podem gerar relações afetivas. Um exemplo dessa afirmação é a estátua “Vaca de Concreto”. Criada em 1981, a “vaca da Rua Leopoldina” é cuidadosamente mantida pelos moradores do entorno. Existe até uma tradição anual: após a definição do tema, a estátua é pintada, como uma forma de manutenção e de manifestação artística. Visitas em anos diferentes podem render encontros e fotos diversas com a vaquinha na região Centro-Sul da capital mineira.
Outra forma de demonstração de afeto e que se tornou recorrente em cidades no mundo todo é a representação de personalidades históricas, artísticas, políticas, literárias através de estátuas, bustos e esculturas. Em Belo Horizonte, é possível encontrar essas representações em praças, ruas e edificações, perfazendo caminhos que inspiraram grandes escritores da literatura brasileira.
Um exemplo é o monumento “Encontro Marcado”, localizado em frente à Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, no entorno do Circuito Cultural Praça da Liberdade. Composto por quatro estátuas de bronze criadas pelo artista plástico Leo Santana em tamanho natural, a obra homenageia os escritores mineiros Otto Lara Resende, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino. O monumento é também conhecido como “Os quatro cavaleiros do apocalipse”, conforme foram apelidados os escritores na década de 40.
SUGESTÃO DE LEITURA:
A palavra escrita / Paulo Mendes Campos
A cidade Vazia / Fernando Sabino
O que a Torre Eiffel tem a ver com a Praça da Estação?
Causar estranheza e desconforto também são reações possíveis quando ocorre a instalação de um monumento. Neste caso, a Torre Eiffel, em Paris; e o “Monumento à Terra Mineira”, em Belo Horizonte, possuem algo em comum: a problematização causada em razão de alguma de suas características.
De um lado, a Torre Eiffel, que emergiu em toda sua imponência no preservado cenário parisiense, gerando protestos contra a instalação do marco. De outro, o Monumento à Terra Mineira, que na concepção inicial do artista italiano Giulio Starace, representaria um corpo nu. A estátua sofreu alterações antes mesmo da instalação, em razão das preocupações das autoridades quanto ao choque que sua implantação em local de alto fluxo de pessoas traria para a sociedade da época. A inclusão de uma bandeira foi a solução encontrada pelo artista para minimizar os impactos.
Atualmente, o “Monumento à Terra Mineira”, erguido em homenagem aos heróis e mártires mineiros, em bronze e granito, com mais de 500 toneladas de peso, integra-se harmoniosamente à paisagem na Praça da Estação.
Fora do eixo centro-sul da cidade, monumentos erigidos por artistas como Ceschiatti e Zamoyski podem ser encontrados no entorno da orla da Lagoa da Pampulha, em visitas que combinam lazer e cultura. Nos jardins do Museu de Arte da Pampulha, a estátua “O Abraço” e a estátua “Nu” são exemplos que podem ser apreciados em conjunto com o paisagismo e os estilos da edificação projetada por Niemeyer.
Registrar em fotos, conhecer seus significados, admirar as técnicas, refletir sobre o passado ou, ainda, simplesmente desfrutar do ambiente em que estão inseridos são possibilidades para cidadãos e turistas que visitam os monumentos. O importante é a experiência derivada desses encontros. E é por isso que Belo Horizonte, uma cidade que transborda história, cultura e arte, convida a explorar e conhecer seus surpreendentes monumentos!