Um dos guardiões da cultura negra de Belo Horizonte, este é um bar ontológico do samba da cidade! Um verdadeiro terreiro que representa o melhor da cultura musical da capital dos bares.
Filhos de pai quilombola, do Açude de Santa Luzia, e mãe benzedeira e macumbeira, de Mercês, Nelson e Cacá tocam há 42 anos o hoje conhecido Bar do Cacá. Cacá mesmo, que agora dá nome ao bar, começou a trabalhar por ali em 1987, quando o local era apenas um botequim de bairro. Com a morte de seu cunhado, antigo sócio do irmão Nelson, Cacá assumiu o posto de sócio, acompanhando o crescimento do negócio que hoje é um grande galpão dedicado ao samba — um dos mais tradicionais pontos de roda de samba da cidade. Cacá, que chegou a engraxar sapatos quando o pai morreu em 1981, toca hoje um negócio familiar: além do irmão como sócio, dois filhos e outros parentes ajudam no bar, totalizando, nos dias de maior movimento, 10 pessoas na operação.
Quando as primeiras rodas de samba começaram a ocupar o local, a pedido dos clientes do bairro, o samba estava longe de ter o reconhecimento cultural que tem hoje. Pelo bairro, pela cor de pele dos frequentadores e pela expressão cultural negra que representava, demoraram muitos anos para que o Bar do Cacá se tornasse um clássico frequentado por todos.
O bar já passou por muitas modificações desde sua inauguração como boteco de bairro. Se antes atendia de segunda a segunda, hoje só abre de quinta a domingo, sempre com samba ao centro do galpão, que tem em suas paredes caricaturas de grandes nomes do mais reconhecido ritmo nacional: ali o povo canta rodeado por Alciones, Martinhos, Cavaquinhos, Elzas e outros porta-vozes da raça.
Vindos de uma família de 17 irmãos (9 de sangue, 8 de criação) e “criados em terreiros”, Nelson e Cacá preservam um dos locais mais identitários da cultura negra da capital dos bares. O local já foi ponto de encontro do Movimento Negro Unificado e hoje ainda acolhe reuniões do coletivo Mulheres Negras.
Uma das coisas que mais dói em Cacá é ouvir que hoje o bar “só é frequentado por brancos”, já que, em seus 42 anos, a história do local se baseou em honrar uma cultura periférica e negra, que só ganhou acolhimento de outros nichos da cidade recentemente, sem perder o fundamental: os músicos que se revezam no palco, os trabalhadores que ali operam e a origem de tudo é a mesma.
Os dias mais especiais para frequentar o lugar são nas festas de santo e nos dias de celebração da cultura negra, entre eles o dia 13 de maio, com o famoso evento do Samba da Abolição; 23 de abril, São Jorge; 20 de novembro, samba pelo Dia Internacional da Consciência Negra; 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba; além da clássica fogueira de São João.
Em qualquer dia de casa aberta, a boa pedida é sempre o clássico frango a passarinho do local, ou o bolinho de bacalhau. Outra iguaria popular que merece nota são os diversos sabores de espetinho, feitos por uma das irmãs dos donos. A cerveja sempre gelada e a tradicional caipirinha do local são também muito celebradas pelo público.
Se você quiser conhecer um dos bares mais icônicos para o samba da cidade, tocado por um reconhecido mestre da cultura popular de Minas Gerais, não deixe de ir ao maravilhoso terreiro do Bar do Cacá. A experiência memorável que te aguarda é garantida.
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