Um clássico da região do Barreiro, que deixou de ser mercearia para cativar clientes de todos os lugares com sua comida premiada e adorada.
Os cerca de 15 km que separam alguns dos clientes cativos deste clássico bar não impedem que muitos se desloquem religiosa ou eventualmente para bater ponto no boteco de Zezé e Alfa, que se tornou uma das maiores referências da boemia do Barreiro, bairro que compõe a regional que leva seu nome.
Criado como mercearia em 1979 por José Batista Martins, o Zezé, e seu irmão, que não ficou muito tempo na sociedade, temos aqui um clássico! Zezé veio aos 12 anos de São Domingos do Prata, Minas Gerais, para Belo Horizonte, em busca de trabalho e melhores condições de vida. À época, o Barreiro ainda conservava muitas das características da fazenda que o originou. Zezé trabalhou até os 15 anos no bar do cunhado e também na mais famosa das metalúrgicas da região. Em 1980, o bar mudou-se para o endereço atual e o irmão acabou saindo da sociedade.
A mercearia se tornou bar por insistência dos clientes que tomavam cerveja no balcão e pediam para que a esposa de Zezé, Alfa (criada numa fazenda em João Monlevade), cozinheira de mão cheia que tocava a mercearia com ele, preparasse tira-gostos. Entre essa época e o ano 2000, a abertura de grandes supermercados na região acabou dificultado muito a competição com pequenas mercearias e, nesse ano, Zezé e Alfa decidiram que o bar passaria a ocupar mais espaço que a mercearia. Assim, fizeram ajustes para melhor preparar os tira-gostos e incluíram singelas quatro mesas no espaço, que era a garagem do casal.
Aos poucos o bar foi ganhando fama pela cozinha caprichosa e esmerada, que, além de D. Alfa, conta com preparos do próprio Zezé, que defuma a linguiça que compõe o trupico e outros acompanhamentos de pratos do bar. Antigamente ele também fazia a farinha de fubá torrado, mas recentemente passou a comprá-la direto de um conterrâneo. Em 2005, optaram por deixar de vender itens de mercearia, mas até hoje parte do estoque do bar fica à mostra do público, como decoração, em uma referência aos tempos de vendinha de bairro.
Em 2004, o bar teve sua grande virada quando participou e ganhou o concurso Comida di Buteco com o prato “Encontro Marcado”, até hoje um grande sucesso da casa, que leva carne de panela, angu e jiló recheado com queijo minas — um primor! Depois dessa primeira participação, ainda ganhou outras duas edições e sempre esteve entre os finalistas em suas participações. Todos os pratos e tira-gostos do bar são preparados no local, à exceção dos pasteizinhos de angu, trazidos da cidade de Itabirito, onde é prato típico.
Ao longo desses anos, o espaço foi sendo ampliado para melhor acomodar seus clientes. Mesmo com as reformas, uma parte que Zezé fez questão de preservar foi o piso de caquinhos de cerâmica vermelha, que permanece original.
Além dos moradores e trabalhadores do bairro, os clientes vêm de todas as regiões da cidade e de seu entorno. Zezé se orgulha em contar histórias de casais que se conheceram no bar e ainda hoje seguem frequentando com seus filhos, que, por sua vez, quando adultos, permanecem clientes.
Ele conta que o foco do bar é o encontro de amigos e famílias, seja para conversar ou festejar. Para manter o clima ameno, optou por não passar jogos de futebol ou trazer apresentações artísticas para o local. Semanalmente, a partir de quinta-feira, o bar fica bastante cheio, especialmente aos sábados, dia da tradicional feijoada. Nesse dia, desde antes da abertura da casa, às 11h30, já tem fila de clientes na porta, que o simpático Zezé organiza enquanto aproveita para prosear com os antigos e novos clientes.
Todos os três filhos do casal trabalharam no bar quando crianças, atualmente um ainda segue no batente, honrado o negócio da família. Quando perguntado sobre o que espera do futuro para o bar, Zezé diz com sabedoria e bom humor: “a gente não pode prever nada pra frente, a gente tem que viver o dia de hoje, amanhã é outra coisa. Enquanto tiver saúde, estarei aqui”.
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