Uma viagem no tempo em pleno centro da cidade! Um bar que nasceu na garagem de uma casa e que hoje ainda oferece muita aula de história.
Rua Sergipe, 129 - Funcionários, Belo Horizonte - MG
CONTATO
(31) 3226-8716
Considerado um último refúgio de uma Belo Horizonte ainda não engolida pela modernidade, o Tonel da Pinga realmente convida a entrar em um outro ritmo. O bar conta também a história da amizade de Derley e Márcio, que desde 1986 trabalhavam no bar Meadolandes, que funcionava no local. Em 1996, os amigos assumiram o ponto e o rebatizaram de Tonel da Pinga. Derley conta que o nome escolhido foi Barril de Pinga, porque achavam que o espaço lembrava um barril e o que queriam mesmo era vender cachaça. Mas, como o nome já estava registrado na Junta Comercial, recorreram ao sinônimo, tonel.
Os amigos conduziram o pequeno bar até 2023, quando Márcio teve um problema de saúde e não resistiu. Desde então, Derley se desdobra para tocar o negócio sozinho: ele recebe, serve, repõe, cobra e ainda supervisiona a cozinha — e se emociona ao falar sobre o companheiro de tantos anos.
O primeiro bar no local foi o Prato Fundo, fundado por Seu Sílvio, proprietário do imóvel, onde era a garagem de sua casa. O fundador, agora com 92 anos, ainda frequenta o bar dos amigos e se orgulha de ser o responsável por fazer com que Derley e Márcio assumissem o ponto. Derley fala dele com muito carinho e agradecimento pela oportunidade de deixar de ser empregado para ser proprietário.
O bar tem e teve muitos clientes queridos, entre eles jogadores de futebol, como Zé Carlos, ex-Cruzeiro, e Reinaldo, ex-Atlético; políticos e personalidades como Patrus Ananias, ex-prefeito de BH, e Carlos Viana, atual Senador da República. Uma grande figura da história do bar é Seu Juquinha do Sax. Conhecido na cena do choro de Belo Horizonte, ele frequentou o bar até 2024, quando faleceu aos 105 anos. Após a pandemia, ia ao bar de cadeira de rodas, sempre “batendo o ponto”. Era muito disciplinado, não passava de duas cervejas, que bebia saboreando. E, vez em quando, tocava no local, quando os donos abriam exceções em sua decisão de não ter apresentações musicais, para agradar o aguerrido freguês.
Outro cliente muito lembrado foi Seu Vagner, que por muitos anos ia semanalmente bater seu ponto no bar. A relação era tão próxima que, quando ele ficou doente, pediu que a filha ligasse para explicar aos donos por que não estava indo. Depois de sua morte, a família, que nunca tinha frequentado o bar, passou para homenageá-lo: beberam a cerveja e comerem o tira-gosto preferido do falecido.
Dentre as tantas lendas, “a cadeira do diabo” diverte os contadores de história do local — o único assento onde é permitido fumar no estabelecimento, por ser ao lado da porta, já teve três clientes fixos, que se consideravam donos do cantinho. Um a um, faleceram, deixando o legado para os próximos fumantes que ocupam com orgulho o posto herdado.
Derley conta que, vira e mexe, alguém chega na estufa e confunde as batatas cozidas e pede pão de queijo com café com leite. Ele brinca: “café eu tenho, mas leite não, nem pão de queijo, que aqui não tem vocação nenhuma pra ser lanchonete (risos)... se aqui deu certo como boteco, vai dar certo como boteco até o fim, se Deus quiser!”. E indica a lanchonete mais próxima para o cliente, “cada um com seu serviço”.
Os muitos anos passados na região criaram um grande vínculo com os moradores e comércios do entorno. Estar com Derley ali é vê-lo ser cumprimentado com carinho a todo momento. Derley também gosta de conversar com os clientes que ainda não conhece, dar conselhos e escutar: “ah, disso eu gosto mesmo, eu gosto de saber das coisas (risos). O povo fala: Derley, cê é fofoqueiro? Sou nada, eu gosto é de manter o povo bem informado!”.
Para uma inconfundível viagem no tempo bem no centro da cidade, o lugar é este! Do piso ao balcão, passando pelos lindos azulejos azuis-bebê, tudo ali conta história!
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