Ponto de encontro nas madrugadas, o Bar do Bolão, em Santa Tereza, é o refúgio do fim de noite em Belo Horizonte, onde o espaguete e o rochedão são a tradição de décadas.
No coração de Santa Tereza, em Belo Horizonte, encontra-se um verdadeiro tesouro da gastronomia e da cultura local: o Bar do Bolão. Fundado em 1961 por Dona Maria e Seu Rocha, o bar começou como uma pequena venda de salgados e, ao longo dos anos, transformou-se em um clássico da boemia belorizontina. Um ponto de referência para moradores e visitantes da cidade, do estado e de todo o Brasil.
A história do Bar do Bolão tem suas raízes em Ponte Nova, no interior de Minas Gerais. De lá, Seu Rocha e Dona Maria vieram para a capital dos bares. Juntos, em 1961, abriram um bar e lanchonete em uma esquina da Praça Duque de Caxias, ao lado do Cine Santa Tereza. Pouco tempo depois, uma oportunidade surgiu quando um imóvel do outro lado da rua ficou disponível, e o pequeno bar começou a se expandir para tornar-se um clássico de salão, como é hoje.
A expansão do Bolão se deu com uma série de coincidências e oportunidades. Uma das cozinheiras de um restaurante vizinho ensinou José Maria (o Bolão), filho de Seu Rocha e Dona Maria, a preparar um macarrão. Inicialmente, o prato era servido aos taxistas que frequentavam o local, mas logo se tornaria uma das refeições mais adoradas da região e um clássico da vida boêmia da cidade. O nome Bolão é uma homenagem ao próprio José Maria, que é uma figura icônica para a história do bairro e da cidade.
Os taxistas e médicos da trabalho noturno, primeiros e fiéis frequentadores, foram os responsáveis por espalhar a fama do macarrão e do Bolão, garantindo o sucesso do bar. Com o aumento da clientela, outros filhos do casal – Silvio, Antônio, Maria José, Marilda, Nadir e Márcia – também se juntaram ao negócio. Não demorou muito para que o bar se tornasse o destino favorito dos boêmios e da cena cultural de Belo Horizonte, especialmente após as sessões no Cine Santa Tereza. Até 2014, o Bolão funcionava 24 horas por dia, sendo um refúgio noturno para músicos, artistas e apreciadores da vida noturna da cidade.
Curiosamente, o bar nunca precisou de música ao vivo para atrair clientes, mas isso não impediu que grandes nomes da música, como os integrantes do Clube da Esquina, Skank e Sepultura, se tornassem frequentadores assíduos do local. Eles continuam a visitar o Bolão, mantendo viva a conexão entre o bar e a música mineira.
A tradição familiar é um dos pilares do Bar do Bolão. Hoje, a terceira geração da família continua à frente do negócio com o mesmo carinho e dedicação. Carlos relembra com afeto os tempos em que sua mãe, Dona Márcia, vendia salgados pelas ruas do bairro: "minha mãe era pequena na época, mas já ajudava no negócio da família". A terceira geração mantém viva a essência do bar, que não é apenas um lugar para comer, mas também um ponto de encontro onde histórias de vida se cruzam. A clientela se renova com antigos frequentadores que cresceram vendo seus pais e avós confraternizando no local - e hoje retornam mantendo uma relação de gerações com o bar.
Mesmo após o falecimento dos fundadores, a família Rocha também preserva a tradição e a essência do Bolão. O bar ainda atrai clientes fiéis, muitos dos quais frequentam o local desde a década de 60 e continuam a degustar o clássico macarrão do Bolão, os pastéis, o rochedão, o pão molhado e, claro, aquela cerveja gelada. Atualmente, o Bar do Bolão é uma rede com várias unidades, cada uma gerida por membros da família, mantendo viva sua história e continuando a escrevê-la a cada nova visita.
Para conhecer onde esta história começou, vale uma visita em cada um dos estabelecimentos, com atenção especial á unidade mãe, no Santa Tereza, em frente a praça, onde essa família consagrou sua história. Taí um ponto imperdível para conhecer a história de um dos bairros mais icônicos da cidade e para se apreciar um dos botequins que melhor representam a identidade da capital dos botecos.
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