Localizado na divisa entre os bairros Lagoinha e Bonfim, na Regional Noroeste de Belo Horizonte, o Bar do Daniel é um testemunho da história da cidade. Fundado em 1968 por Antônio e Afonso, o bar começou como uma mercearia e, ao longo das décadas, evoluiu para um autêntico boteco de bairro, que preserva a essência familiar e o sabor caseiro que o tornaram um ponto de encontro essencial na região.

  A Praça 15 de Junho foi nomeada em homenagem ao dia 15 de junho de 1891, quando foi promulgada a primeira constituição de Minas Gerais, marcando a mudança da capital de Ouro Preto para então Cidade de Minas, hoje Belo Horizonte. Com a urbanização da praça em 1955, apenas dez anos após o surgimento do bar, o espaço foi transformado em um ambiente ainda mais acolhedor, agora adornado por árvores, brinquedos para crianças e bancos que se tornaram palco para histórias de amor, pelejas de vizinhos, festas e demais anedotas típicas de qualquer bom bairro brasileiro.

  Daniel, que hoje gerencia o bar, representa a quarta geração da família fundadora. Após a morte de seu pai, Alfredo, em 2012, ele assumiu as rédeas do estabelecimento e enfrentou desafios, como a pressão das autoridades durante a pandemia para evitar aglomerações. Daniel recorda: “na raça, mantive o bar aberto. Graças a Deus, não fui multado. Foi um período difícil, mas consegui tocar o negócio”.

  O bar, conhecido por seu atendimento acolhedor e atmosfera familiar, possui mesas na calçada, cadeiras empilhadas e uma churrasqueira sempre acesa de onde saem espetinhos e outras iguarias na brasa. “Aqui é um bar muito familiar. Vem criança, fica à vontade, brinca. A gente trata muito bem”, afirma Daniel, ressaltando o ambiente que convida as pessoas a se sentarem e conversarem. Com a televisão ligada em partidas de futebol e um fluxo constante de clientes, o bar é um verdadeiro centro social.

A divulgação do Bar do Daniel acontece exclusivamente pelo boca a boca, e os frequentadores são atraídos pela cerveja gelada e os preços acessíveis. Daniel também se destaca pela qualidade do seu cardápio: “além dos espetinhos assados na hora, preparo pratos diversos na minha própria casa e os sirvo de segunda a segunda”, explica. Entre as opções, estão a canjiquinha, caldos variados e a famosa maçã de peito, que conquistaram a clientela ao longo dos anos.

  A essência do bar vai além da comida e da bebida, ela é representada nas histórias e memórias dos frequentadores. “É gente que traz gente. Não adianta botar uma decoração pasteurizada. Aqui é o atendimento, a comida, a alma”, resume Daniel, refletindo sobre a conexão emocional que o bar estabelece com a comunidade. 

  Logo na porta ao lado, uma barbearia típica de bairro compartilha moradores e clientes, que de uma tacada só cortam o cabelo em um e tomam uma cerveja no outro. O entorno da praça já recebeu outros negócios icônicos, como a Casa de Carnes Leite Faria e o Armazém do Sr. Sebastião Duarte, que marcaram época e contribuíram para o sentimento de pertencimento da região.

  Além do ambiente acolhedor, o bar promove eventos de música ao vivo, com uma programação diversificada que inclui MPB e pop rock. Daniel prioriza um clima tranquilo e familiar, por isso conta que evita gêneros que geram mais animação e possíveis confusões. Indiferente a qualquer gosto específico, uma jukebox ocupa parte do espaço interno da casa e alegra muitos clientes que investem seus tostões para curtir uma música de sua escolha.

O Bar do Daniel é um convite ao encontro, onde o protagonista é sempre uma boa conversa de praça. Com uma história rica e um compromisso contínuo com a comunidade, o bar sobreviveu ao teste do tempo e se tornou um símbolo da vida boêmia e familiar de Belo Horizonte, onde cada cliente se sente parte de uma grande família.