Bar do Caixote

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Um boteco familiar e amado pelos seus frequentadores, com um casal de donos que cativa moradores e visitantes de toda a cidade com seu carisma, boa comida e uma decoração cuja beleza só pode ser vista e entendida a olho nu.

Rua Itaite, 249 - São Geraldo, Belo Horizonte - MG

 

CONTATO

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“Eu trabalho brincando e brinco trabalhando… eu gosto de mexer com público. É uma das coisas mais bacanas do mundo. Aqui eu brinco com criança, com ‘aborrescente’, pessoal da melhor idade… Lidar com público não é muito fácil, mas eu gosto.”

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  Quando a história da família Rezende com mercearias e botequins começou, o bairro São Geraldo, na Regional Leste de Belo Horizonte, ainda nem tinha asfalto. Jorge Antônio de Rezende, conhecido como Seu Jorge, e seu irmão José Geraldo, hoje Zé Pomba, assumiram a mercearia do pai, e quando Jorge tinha apenas 19 anos, finalmente, encontrou sua vocação para lidar com o público no armazém da família. Ele tinha acabado de sair do serviço militar em pleno ano de 1968 e cursou contabilidade, tornearia e pintura nas escolas técnicas da cidade.

  Inicialmente batizado com o nome de Dois Poderes (em homenagem ao Atlético e ao Cruzeiro, os dois maiores times de futebol do estado) e depois Três Poderes (incluindo o América, terceiro maior), o bar dos irmãos passou por vários nomes e alguns endereços dentro do São Geraldo, chegando a um imóvel cheio de personalidade na frente da casa de uma das irmãs de Jorge. A paixão pelo futebol guiou a maior parte da história do bar: era tão grande que levou à criação de dois times nos anos 1970, o Éden Futebol Clube e o Magg’s. A avenida Silva Alvarenga (endereço anterior do bar) era constantemente fechada e ocupada para fazer pelada, carnaval, blocos, bandas, consolidando o boteco como um verdadeiro ponto de cultura e sociabilidade na região, suprindo de certa maneira a falta que acomete a maioria dos bairros mais distantes do centro da cidade.

  Com o casamento e o nascimento dos filhos, os irmãos dividiram os botecos. Jorge seguiu no ramo montando o Bar do Jorge, mais conhecido pelos seus muitos clientes espalhados por toda a cidade como Bar do Caixote. Nas últimas três décadas e ainda hoje, quem tomou o protagonismo na cozinha foi Edna, esposa de Jorge, oferecendo diversos produtos muito procurados na estufa e no prato. O clássico da estufa é o bolinho de carne, mas também tem mandioca, torresmo de barriga e linguiça. Nas refeições, o mais pedido é o tropeiro, que tem várias versões para agradar a todos os gostos.

 

Com a merecida aposentadoria de Jorge, hoje quem toca a frente do bar é o filho do casal, Rodrigo, que recebe muita ajuda da esposa também. O pai, com suas longas barbas brancas, gravata sob camiseta, bermuda e chinelo, continua a bater ponto ali sempre que pode, agora mais para receber a clientela que sempre o procura e para apoiar a família na operação. 

  O bar sempre está lotado e fecha quando a noitada acaba: “às vezes a gente fica aqui até o dia clarear, porque os clientes não dão trabalho”, conta Jorge. Pela vocação da madrugada, não é raro que grupos de músicos se encontrem ali depois das apresentações de fim de semana, o que proporciona um espetáculo improvisado com cantorias, sanfonas, violões e o que mais estiver à disposição dos músicos.   

  Rodrigo, filho do casal e atual administrador, cresceu no bar. Jorge conta que, quando era bebê, o filho dormia dentro de um freezer desligado enquanto a mãe tocava a cozinha e o pai tocava o galpão. Talvez por isso ele mantenha o ambiente exatamente como sempre foi, o que é um show à parte. As paredes são cobertas de bugigangas, caricaturas de Jorge feitas por clientes amigos, garrafas antigas, além de livros e revistas que estão à disposição do freguês que quiser ler e folhear. Os caixotes, convertidos nas mesas do boteco, são os mesmos que deram nome ao local e estão lá até hoje.

 

  Tanta história e personalidade não caberiam em um texto: o negócio é ir ao bar, ver, comer, beber e conversar com Edna, Rodrigo e Jorge. Se estiver procurando um bar com alma, eis aqui uma belíssima indicação. Só indo até lá para entender.

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Descritivo
O bordão “Calma, companheiro!” do Jorge, acompanhado da boa risada de Edna, são a trilha sonora para esse ambiente mágico. Trata-se de um caos organizado repleto de história, com caixotes utilizados como mesas e cadeiras, e livros, revistas e textos espalhados pelo espaço. Os pratos são nutritivos e saborosos, a cerveja é barata, mas o principal é sua função de palco e confessionário para moradores e visitantes de toda a Belo Horizonte.