Desde 1958, o Bar do Toninho preserva a tradição da culinária árabe e o acolhimento familiar no bairro Serra, sendo ponto de encontro de gerações de frequentadores que buscam sabores autênticos, ambiente aconchegante e uma boa prosa.
“O bar tem 64 anos, exclusivamente como bar tem 40 anos, nosso perfil é muito artesanal, a nossa produção realmente é limitada e é assim que a gente quer manter, não quereremos mudar o padrão. Quanto a isso a gente não abre mão, mas o que a gente serve, a gente procura manter a qualidade de sempre, é esse o propósito.”
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Em um discreto bar, numa tranquila rua do bairro Serra, está a estufa fria mais saborosa da cidade, referência em comida árabe em Belo Horizonte. Aberto em 1958, o Bar do Toninho é um estabelecimento que carrega a rica história e tradição síria, origem da família Auad. O bar, que está em sua terceira geração familiar, é atualmente gerido por Daniel, filho de Toninho. Inicialmente foi um armazém, mas logo se transformou em um dos pontos de encontro mais queridos da região.
Tudo começou quando os imigrantes sírios Antônio e Mahassen Auad decidiram deixar o antigo comércio familiar no bairro Lagoinha e adquiriram um terreno no bairro Serra. Ali, eles construíram o armazém que, até às cinco da tarde, funcionava como uma mercearia típica, vendendo produtos básicos e atendendo a vizinhança. Depois desse horário, o local se transformava em um bar para os amigos e clientes mais próximos. Ainda neste período, Mahassen, avó de Daniel, começou a servir pratos de origem árabe. A dinâmica artesanal e familiar, com caderneta para anotar o “fiado” e um ambiente acolhedor, fizeram do armazém um ponto de referência da comunidade.
Na década de 80, a chegada de um grande supermercado na região trouxe desafios. Competir não era viável, e os amigos de Toninho sugeriram que ele transformasse o armazém em um bar em tempo integral. Foi assim que nasceu oficialmente, em 1983, o Bar do Toninho, um lugar que se tornaria sinônimo de encontro, boa comida e tradição. “Quando meu pai era vivo, vinha muito a turma dele, né? O bar estava com ele desde os dezoito anos, desde a época do armazém, então era uma turma muito fiel. Vinham praticamente todos os dias... Tinha dois que vinham todo dia praticamente, era uma festa! Com a internet e o Instagram, foi mudando um pouco o público, mas eles ainda vêm nas quintas-feiras. Tem aqueles clientes que passaram para as próximas gerações, filhos que vinham com pais, que agora trazem seus filhos. Temos uma turma fiel no bairro. Postam a foto da cerveja e todo mundo desce, nem precisa combinar. Tem gente que vem de longe só pela comida”.
O cardápio do Bar do Toninho é um destaque à parte. Desde a abertura do armazém, o anexo dos Auad é famoso por sua comida árabe. A avó sempre comandou a cozinha, junto com a Arlete, mãe de Daniel, e sua tia Leila, irmã do Toninho, que o ensinaram a cozinhar desde os 14 anos, quando começou a trabalhar no negócio da família. A partir de 1983, o bar deixou de servir tira-gostos mais comuns de boteco, como torresmo, e se concentrou exclusivamente em comidas árabes tradicionais. Hoje, Daniel comanda a cozinha com a ajuda de sua irmã, Luciana. O cardápio é enxuto e consolidado, e as comidas sempre frescas, preparadas no dia, utilizando insumos comprados em sua maioria nos comércios do bairro.
A história da família Auad e do bar é tão interligada que a cozinha sempre ficou na casa da família, que tem um acesso direto pelo bar. Daniel conta que seu pai sempre acompanhou tudo de perto, até quando a saúde permitiu: um cuidado que é preservado ainda hoje por ele. Daniel não abre mão da qualidade e do padrão de atendimento para garantir que o bar continue oferecendo o melhor aos seus clientes. E não é à toa que o local levou pra casa um prêmio de estabelecimento com a cerveja mais gelada da cidade!
Apesar das mudanças no bairro e da chegada de novos clientes, o bar mantém sua essência. A estrutura mudou pouco ao longo dos anos: saíram as estantes de mercadorias que iam do chão ao teto, as paredes ganharam uma nova pintura e uma placa que sinaliza a ausência de Wi-Fi, convidando os clientes a estarem no presente, conversando entre si e apreciando a cerveja gelada. O estabelecimento se tornou não apenas um lugar para comer bem, mas também um ponto de encontro para a comunidade: “temos uma turma fiel do bairro que frequenta o bar há anos. Se você olhar, tem um grupo nosso, que é a maioria do prédio aqui em frente. Aí tem os anexos, que é o prédio ao lado.
A casa ali da esquina, o apartamento aqui em cima, o prédio pra cima. Tá tudo no mesmo grupo. Então uma pessoa posta a foto da cerveja e todo mundo desce. Nem precisa combinar, esse é o sinal do Batman”, comenta Daniel.
Quer conhecer esse pequeno e querido botequim com uma das comidas árabes mais famosas da capital dos bares? Eis aqui o nosso convite!
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