Com uma coleção de fotos e artigos em homenagem ao Roberto Carlos e uma cozinha aberta para apreciar o espetáculo gastronômico da dona do estabelecimento, o bar é um ponto de encontro para gerações da Regional Oeste.
“Que Geraldin? Geraldin da Cida, uai!”. Desde 1981 no bairro Grajaú, O Geraldin da Cida é parte da vida e da história da região. Tudo começou com Geraldo Albertino, que veio do interior de Minas para a capital, no início da carreira, trabalhava em um bar e morava nos fundos. Aos 18 anos, decidiu abrir seu próprio negócio, uma pequena mercearia, no bairro Prado. O local logo se tornou também um bar e ele contratou Cida como sua cozinheira. Logo, os dois se apaixonaram, se casaram, e juntos abriram o Geraldin da Cida, no bairro Grajaú, onde estão até hoje.
A cozinha de Cida é um espetáculo à parte. Os clientes podem ver de perto o preparo dos pratos, com todo o cuidado e dedicação que a cozinheira coloca em cada refeição. Ninguém põe as mãos na panela a não ser Cida - suas ajudantes cortam os ingredientes, lavam, servem, mas a magia do caldeirão é exclusiva dela, que, inclusive, fica brava se mudarem seu preparo, afinal, cada detalhe do tempero é o que faz a comida ser como é. Ela é famosa por suas receitas tradicionais, como o joelho de porco com batata sotê, o torresmo de barriga e a feijoada aos sábados. O prato "quintal da vovó", uma deliciosa combinação de farofa de abobrinha com queijo e ovo, carne de lata e medalhão de jiló, também ganhou destaque, sendo premiado no Comida di Buteco em 2006. "O joelho de porco é tão bom que até um alemão já disse que é melhor do que os que ele comia na Alemanha," brinca Cida.
Geraldinho, um devoto de Roberto Carlos, decorou o local com pôsteres, fotos e discos do cantor. Ele tem uma coleção invejável e já viajou para todos os cantos do Brasil – e até fora – para assistir aos shows do Rei. “Eu já fui até nos Estados Unidos atrás dele,” conta, orgulhoso. A relação do casal com os clientes é especial. Geraldinho, conhecido por seu carisma e alegria, faz questão de acolher a todos como amigos. “Ele senta na mesa, beija, abraça. Aqui todo mundo é recebido como amigo,” diz Cida.
A relação com os frequentadores é praticamente familiar. O bar tem uma cadeira exclusiva para Toninho, um cliente fiel que mora em frente ao local e não permite que ninguém se sente ali - da sua cadeira, ele pode ver seu apartamento, e da janela do prédio, observa se seu assento está preservado. Os donos respeitam a restrição e realmente não deixam mais ninguém ocupar a cadeira.
O casal enfrentou momentos difíceis, como quando Geraldo sofreu um AVC e mais tarde foi diagnosticado com câncer de próstata. Durante esses períodos, Cida segurou as pontas, tanto na cozinha quanto na administração do bar. “Eu fiquei uns três anos fora porque ele fez doze cirurgias," relata Cida. Mas, mesmo com todas as dificuldades, o bar nunca fechou suas portas. O apoio dos amigos e clientes foi fundamental para que o negócio continuasse prosperando.
Hoje, o Bar Geraldin da Cida é um dos pontos de encontro mais tradicionais do Grajaú, frequentado por gerações de famílias. “Tem bisneto de cliente que continua vindo aqui," comenta Cida. E o reconhecimento vai além das fronteiras do bairro: turistas de várias partes do Brasil e do mundo passam pelo bar para experimentar os pratos. Teve um ônibus que veio do Rio de Janeiro para conhecer o bar.
Apesar de toda a dedicação e amor pelo negócio, o casal se preocupa com o futuro: "A gente já tá velho, né? Eu e o Geraldinho não estamos mais aguentando tanto. Mas pelo carinho que a gente tem, não tem jeito de sair daqui,". A única certeza é que, enquanto estiverem à frente, Cida e Geraldinho vão continuar servindo boa comida e criando memórias inesquecíveis para seus clientes.
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