Café Palhares

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Com 80 anos de idade e muita história para contar, eis aqui o criador e guardião de um dos pratos feitos mais icônicos da culinária popular dos trabalhadores do centro de Belo Horizonte - um baluarte da cultura boemia da cidade!

Rua dos Tupinambás, 623 - Centro, Belo Horizonte - MG, 30120-070

 

CONTATO

(31) 3201-1841

 

 

“Meu avô foi quem criou tudo: o Kaol e o Café Palhares que a gente conhece agora. Quem sustentou isso até hoje, foi meu pai e meu tio”

André Ferreira, neto do Seu Nenem e atual administrador

Quem conhece ou quer conhecer mais sobre a cultura alimentar de Belo Horizonte, não poderá passar ileso do Kaol, a notória mistura entre “kachaça” (com k mesmo), arroz, ovo e linguiça - uma base única para uma diversidade de versões possíveis. Hoje, já incorpo-rado ao imaginário coletivo da cidade e recriado em muitos locais, a receita, diferente de muitas outras do saber popular, tem um marco claro na história. Foi criada na década de 1950 pelos mais ativos membros da família Ferreira, fundadores do Café Palhares. A elabo-ração do conceito do prato e de seu marcante nome ocorreram com colaboração do célebre jornalista e poeta Rômulo Paes, autor da fa-mosa frase "Minha vida é essa, subir Bahia, descer Floresta", imorta-lizada no monumento em frente ao Museu Inimá de Paula, na esqui- na da Rua da Bahia com Guajajaras. O prato se tornou uma assina- tura desta casa, uma das mais antigas do centro da cidade. A pre-sesça de Paes não era avulsa, na segunda metade do século XX, o estabelecimento era conhecido como "Quartel General dos Espor- tes", frequentado por diversos jornalistas, atletas e boêmios, espe- cialmente por sua localização estratégica em frente a um grande hotel, hoje ocupado por uma importante loja de artigos para festas da capital. O hotel era estadia comum dos atletas que vinham dispu- tar na cidade alguma peleja ou título, e sua vasta clientela de jorna- listas vinha da diversa fauna de veículos de imprensa (de rádio ou mídia impressa) que ocupavam a região do centro da cidade. Tal fre- guesia, é de se esperar, sempre garantiu que o bar tivesse constan- te espaço na imprensa e no boca a boca das gentes. O Café Palha- res tornou-se, portanto, um marco zero de muita informação, visto que era ali onde se criava, ouvia e repassava tantos casos da capital.

Até a década de 1970, o bar tinha caixas de som voltadas para a rua, onde se ouviam transmissões de jogos de futebol e notícias da guerra, fazendo do ambiente um ponto de encontro para quem que- ria estar por dentro dos acontecimentos. Se firmando mais ainda co- mo um reduto da comunicação mineira, foi ali também onde se ins- talou a primeira televisão pública da cidade, recebida do exterior por um parente do dono, que preferiu colocá-la para usufruto de seus clientes do que na própria casa, lotando a calçada de curiosos e os livros de história de marcantes fotografias. A Rua Tupinambás, berço do Palhares, abarca também outros antigos negócios da cidade, co- mo a clássica Sapataria Americana e o Armarinho Nova Seda, que se mantêm ativos há décadas, colaborando e se beneficiando da movi- mentação.

Até mesmo o mais solitário dos fregueses encontra ali uma compa- nhia no movimento, nas convidativas banquetas em busca de um parceiro para contar histórias e brindar um chope. Quem ousar sentar-se ao redor do balcão em U, terá em sua frente um palco, podendo apreciar com os próprios olhos a dança da montagem de um dos pratos mais tradicionais da cultura alimentar do centro de Belo Horizonte . O KAOL servido ali conta com variações de pernil, carne cozida, língua, dobradinha ou até uma dupla de ovos esta- lados para não deixar de fora os vegetarianos. O prato é tombado como patrimônio imaterial de Belo Horizonte, e a versão atual, servi- da mais de 400 vezes por dia, conta com farofa de feijão, couve refo- gada e torresmo, sem deixar de lado a clássica cachacinha para abrir o apetite. É, sem dúvidas, o carro-chefe da casa, posição reafirmada pelos diversos escritos espalhados pelo local, mas é lon- ge de ser a única opção. O cardápio é recheado de opções dignas de prêmios, desde petiscos até salgados de estufa para forrar o estômago na correria do cotidiano.

André, neto do fundador e sucessor direto do seu pai, Luiz Fernando, e do seu tio, João Lúcio, é o atual administrador e garante que cada deta- lhe esteja como esperado para os novos e antiquíssimos frequentadores. Desde a cozinha, sempre movimentada, até o serviço impecável de chope, a dedicação da família é evidente, e é refletida nas paredes do bar, decoradas com prêmios que atestam a qualidade e a relevância do Café Palhares na cena gastronômica da cidade.

Com 86 anos de existência, o Café Palhares continua a ser um refúgio da memória afetiva em pleno Centro da cidade, resgatando uma saudo- dosa sensação mesmo naqueles que não viveram os tempos de sua origem. Hoje, passou por uma ampliação, contando com mesas na calça- da, o que garante maior rotatividade de clientes que podem contar com mais conforto na sua estadia. É um dos raros bares com a honra de ter um ponto de ônibus na porta com seu nome, confirmando a parada obrigatória ali para moradores e turistas.

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Descritivo
Com o prato feito mais célebre de BH, o Café Palhares é, desde 1938, o ponto de encontro de boas prosas entre jornalistas, políticos, intelectuais, artistas, velhos e jovens da capital. O balcão em U é o palco do famoso KAOL - a mistura perfeita entre “Kachaça”, Arroz, Ovo e Linguiça - criado na década de 1950, em uma parceria da família Ferreira com o jornalista Rômulo Paes. Com 86 anos de existência, o Café Palhares continua a ser um refúgio histórico e emocional da cidade, resgatando uma saudosa sensação mesmo naqueles que não viveram sua origem.